Policiais civis do RS unem demanda por reajuste a cobrança de horas extras

Associação dos Delegados reivindica pagamento efetivo por tempo extra ou criação de banco de horas

Foto: Vinícius Pereira / Asdep / CP

Os delegados da Polícia Civil gaúcha complementaram a demanda por reposição salarial com a cobrança pelas horas extras efetivamente cumpridas. A nova reivindicação conta com o apoio de comissários, inspetores e escrivães. O anúncio ocorre um mês após a interrupção das negociações sobre o reajuste da categoria com o governo.

Conforme a Associação dos Delegados de Polícia (Asdep), a proposta é que o tempo de trabalho a mais passe a ser regulamentado, com registro e pagamento efetivo de cada hora cumprida. Outra alternativa prevê que seja criado um banco de horas, que seriam compensadas com folgas.

Se o Executivo Estadual não acatar nenhuma das duas sugestões, a entidade orienta os policiais a cobrarem as horas extras na Justiça.

O presidente da entidade, delegado Guilherme Wondracek, afirma que nunca houve pagamento por hora de trabalho extra à categoria. Além disso, segundo ele, os delegados não têm reajuste real de salários desde 2013.

“Os delegados, principalmente os do interior, estão eternamente em sobreaviso. Isso ocorre porque eles podem ser acionados a qualquer momento. Já que o governo não quer negociar um reajuste, que pelo menos pague as horas extras”, destacou Wondracek.

Em novembro, o governo chegou a receber os policiais para o início das tratativas sobre a reposição salarial. No entanto, não houve avanços e a negociação foi interrompida no mês seguinte.

O presidente da Asdep afirmou que, na ocasião, foi sugerido o reajuste de 40%, escalonado ao longo de três anos. A proposta reduz o aumento de 60% almejado inicialmente pela categoria. Segundo o delegado, não houve resposta e nem contraproposta. “O RS tinha a quarta polícia mais bem paga do Brasil. Hoje, tem a 16ª”, disse.

Wondracek também desaprova que os associados não tenham negociado com os secretários ou com o próprio governador. “Nas gestões anteriores, negociávamos direto com o governador ou com o secretariado. Nas duas últimas reuniões, fomos recebidos por servidores. Nada contra, mas eles não têm capacidade política para decidir. Nos parece desconsideração.”

Outra medida adotada pela categoria foi a suspensão de entrevistas e da divulgação de operações. Segundo a Asdep, a decisão não foi feita para atingir a imprensa e nem a população.

“A Polícia Civil segue trabalhando em prol da sociedade. Também não é um ato contra a imprensa. É uma luz alta ao governador. Ele utiliza a queda nos índices criminais como publicidade, enquanto estamos há dez anos sem sem reajuste e com perdas inflacionárias de 30%”, afirmou o delegado Wondracek.

A reportagem entrou em contato com a Casa Sivil, Secretaria da Segurança Pública e com a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão. Até o momento, não houve resposta. O espaço permanece aberto para manifestações.