Em dezembro, todas as classes sociais apontaram aceleração da inflação no mês. É o que revela o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda apontando que, em termos absolutos, as maiores taxas de inflação no mês foram registradas nos segmentos de renda alta (0,62%) e renda muito baixa (0,61%), refletindo a alta dos alimentos, no primeiro caso, e o reajustes das passagens aéreas, no segundo. Já o segmento de renda média alta foi o que apresentou a menor taxa de inflação no período (0,51%).
Com a incorporação desse resultado, embora no acumulado de 2023 todas as faixas de renda tenham apresentado desaceleração da inflação em relação ao ano de 2022, a taxa foi bem mais intensa na faixa de renda muito baixa. Enquanto para as famílias de renda muito baixa a taxa de inflação acumulada no ano recuou de 6,4%, em 2022, para 3,3%, em 2023, a queda da inflação nesse período apurada no segmento de renda alta foi bem mais amena, de 6,8% para 6,2%.
Pelo estudo, mais uma vez, para as classes de rendas mais baixas, o maior foco inflacionário, em dezembro, residiu no grupo alimentos e bebidas, refletindo, especialmente, a alta dos cereais (6,8%), dos tubérculos (8,1%), das frutas (3,4%) e dos óleos e gorduras (2,4%). Ainda que em menor intensidade, o aumento das tarifas de energia elétrica (0,54%) fez com que o grupo habitação exercesse a segunda maior contribuição à inflação para as famílias dos dois estratos de renda inferiores.
Por outro lado, para a classe de renda alta, o principal ponto de pressão inflacionária veio do grupo transportes, impactado pelo reajuste das passagens aéreas (8,9%), cujo efeito anulou, inclusive, o alívio vindo da queda dos preços dos combustíveis (-0,50%). Na comparação com o mesmo mês de 2022, verifica-se que, à exceção do segmento de renda alta, todos os demais apontaram desaceleração da inflação.
No que diz respeito às classes com rendas mais baixas, a melhora da inflação corrente é explicada pelo desempenho mais favorável dos artigos de limpeza, vestuário e higiene pessoal, cujas variações de -0,10%, 0,70% e 0,19%, respectivamente registradas em 2023, ficaram bem abaixo das observadas no mesmo período de 2022 (1,3%, 1,5% e 3,7%).
Em relação às faixas de renda mais elevadas, a alta mais in[1]tensa da inflação em dezembro de 2023, comparativamente a dezembro de 2022, veio, sobretudo, da piora no desempenho das passagens aéreas, cuja variação de 8,9% em 2023 contrasta fortemente com a apurada no ano anterior (0,89%), além de uma queda menos intensa dos combustíveis em dezembro de 2023 (-0,50%), em comparação com a registrada no mesmo período em 2022 (-0,90%)