A inflação de dezembro nos EUA veio maior do que o esperado. Isso significa que os mercados terão que enfrentar um problema em breve: a batalha do Federal Reserve (banco central dos EUA) está longe de terminar e, portanto, o preço atual dos cortes nas taxas está se tornando cada vez mais divergente em relação às reais condições econômicas.
Esse cenário é ainda mais acentuado pelo último relatório de folha de pagamento não-agrícola (payroll), que mostrou um mercado de trabalho que continua surpreendentemente resiliente – parcialmente impulsionado pela injeção de capital especulativo na economia, resultado da postura do Fed.
Para o analista Thomas Monteiro, da plataforma investing.com, quando adicionamos os relatórios acima mencionados aos indicadores econômicos remanescentes, duas principais conclusões imediatas devem ser levadas em consideração pelos investidores: (1) continua claro que a economia pode sustentar um período mais prolongado de altas taxas de juros e (2) é óbvio que o capital especulativo ainda está gerando pressões inflacionárias, principalmente no mercado de trabalho, e, portanto, controlar as expectativas do mercado continua sendo crítico.
“Nossa opinião é que os mercados globais terão que controlar a atual euforia de cortes nas taxa de juros, talvez observando uma mudança na política do Fed apenas no segundo semestre. De fato, o rendimento das Treasuries de 10 anos já começou a precificar essa conjunção de fatores, recuperando o nível de 4%”, diz.
O curinga no baralho, na opinião do analista, é a próxima eleição presidencial nos EUA e a quantidade de pressão a ser exercida sobre o Fed para manter a economia avançando. “De qualquer forma, a linha de fundo é que os riscos são maiores hoje do que eram ontem, e isso deve significar algo para a alocação inteligente de portfólio”, comenta.