Com queda na produção e no emprego, elevada ociosidade e estoques indesejados, a Sondagem Industrial do RS, divulgada nesta quinta-feira, 11, pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), aponta que as perspectivas dos empresários gaúchos são de continuidade de redução da demanda e do emprego, além de baixa disposição para investir no primeiro semestre de 2024. O índice de produção alcançou 48,5 pontos no penúltimo mês do ano passado, o que indica uma contração, comportamento normal para o período.
“Nos últimos 15 meses, a produção industrial gaúcha caiu em 11, e o empego alcançou a 14ª queda consecutiva. Com um cenário econômico de incertezas, aumento da carga de ICMS via corte de incentivos fiscais e insegurança jurídica, os empresários estão receosos e mantêm cautela em relação a futuros investimentos”, afirma o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, ao analisar os resultados da pesquisa de novembro de 2023.
O índice varia de zero a cem pontos e valores abaixo de 50 indicam diminuição da produção frente ao mês anterior. Da mesma forma, o índice de número de empregados ficou em 47,3 pontos no mês, se mantendo abaixo de 50 e com redução de 1,4 ponto em relação a outubro. O resultado mostra que a queda do emprego foi mais intensa que a verificada no mês anterior e que a esperada para o penúltimo mês do ano, considerando-se a média histórica de 48,7 pontos do período.
ATIVIDADE MENOR
Segundo a Sondagem da FIERGS, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) também caiu, de 71%, em outubro, para 70%, em novembro, confirmando a menor atividade industrial no mês em relação anterior. O índice relativo à UCI usual, que considera o nível comum para o mês, fechou novembro em 42,8 pontos. O índice abaixo de 50, nesse caso, denota utilização da capacidade instalada inferior ao patamar normal, na avaliação dos empresários.
Apesar da redução na produção, a pesquisa mostra crescimento nos estoques de produtos finais em novembro de 2023, o que é um mau indicativo, limitando o processo de escoamento do excesso. O índice de evolução mensal atingiu 52,7 pontos, o que denota aumento dos estoques em relação a outubro, enquanto o índice em relação ao planejado recuou de 53,4 para 52,6 pontos, revelando que a indústria conseguiu cortar, mas apenas parte, dos estoques excessivos. Nesse caso, marcas acima de 50 pontos representam acúmulo de estoques indesejados.
Com cenário tão negativo, os empresários gaúchos seguem pessimistas. Na pesquisa realizada entre 1º e 11 de dezembro do ano passado, mesmo que todos os índices de expectativas tenham crescido ante novembro, continuaram abaixo dos 50 pontos, mostrando que o pessimismo permanece, apesar de ter diminuído. De fato, os resultados revelam que o setor ainda prevê queda da demanda (48,4 pontos) e das exportações (49,8) no semestre, o que deve repercutir negativamente no emprego (48,7 pontos) e nas compras de matérias-primas (48,4).
INVESTIMENTOS
Com menor pessimismo, aumenta de forma moderada a disposição para realizar investimentos da indústria gaúcha nos próximos seis meses, mas continua distante dos patamares que predominaram nos últimos anos. O índice de intenção de investir subiu de 51,1, em novembro, para 53,8 pontos, em dezembro. O valor ficou acima da média histórica de 51,3 pontos. Variando de zero a cem pontos, quanto mais alto o índice, maior a intenção. Em dezembro, 57,4% das empresas mostravam pretensão de investir no primeiro semestre de 2024.