Brasileiros do Sul e Sudeste consideram Plano Real como medida mais importante para a economia

Regiões são também as que mais lembram da hiperinflação

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Trinta anos após entrar em vigor, o Plano Real ainda é considerado pelos brasileiros das regiões Sul e Sudeste o programa ou ação mais importante para a economia brasileira nas últimas décadas, superando o Bolsa Família. No Sul, 27% apontaram o Plano Real como o mais importante, ante 21% do Bolsa Família, enquanto no Sudeste, esses índices foram de 25% e 23%, respectivamente. Nas demais regiões, o Plano Real foi menos lembrado que o Bolsa Família.

Esse é um dos resultados da Pesquisa Observatório Febraban, realizada entre os dias 3 e 9 de dezembro de 2023, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do país, para saber a perspectiva dos brasileiros sobre os 30 anos do Plano Real e a inflação. O Plano Real foi um programa brasileiro com o objetivo de estabilização e reformas econômicas, iniciado em 27 de fevereiro de 1994 com a publicação da medida provisória número 434, implantado no governo Itamar Franco. Tal medida provisória instituiu a Unidade Real de Valor (URV), estabeleceu regras de conversão e uso de valores monetários, iniciou a desindexação da economia, e determinou o lançamento de uma nova moeda, o real.

PREOCUPAÇÃO

O levantamento teve o objetivo de investigar o que pensam os brasileiros a respeito do Plano e o que a geração que nasceu nos anos seguintes, e não viveu o Brasil da hiperinflação, sabe do Plano Real. A pesquisa também apura as opiniões específicas em cada uma das cinco regiões brasileiras.

Conforme o Observatório Febraban, o combate à inflação continua sendo uma preocupação do brasileiro, e essa apreensão é ainda maior no Sul e no Sudeste. No Sul, 74% dos entrevistados disseram continuar muito preocupados com a inflação. No Sudeste, 67% afirmaram o mesmo (a média nacional é de 66%). Na opinião de 53% dos brasileiros do Sul do país, a inflação continua alta ou muito alta.

A memória da hiperinflação, que antecedeu o Plano Real, é também maior no Sul e no Sudeste. Na região Sul, 45% dos entrevistados disseram já ter ouvido falar em hiperinflação e lembrar de seus efeitos; no Sudeste, esse índice atinge 42% (a média nacional é de 37%). O estudo aponta ainda que para 67% dos brasileiros que vivem no Sul, o Plano Real permanece importante, pois lançou as bases para uma economia mais sólida e estável. No Sudeste, esse índice acompanha a média nacional (71%).

LEMBRANÇA

De maneira geral, os homens lembram mais do Plano Real do que as mulheres (26%, contra 19% entre as mulheres). A predominância segue na faixa de 45 a 59 anos (29%, contra 12% entre os mais jovens) e entre os que têm formação universitária (34%, contra 16% entre os que estudaram até o fundamental). Além disso, a lembrança é maior no segmento de renda acima de cinco salários mínimos (33%, contra 14% entre os que têm renda até dois salários mínimos).

A pesquisa também sondou como anda a confiança do brasileiro no real após 30 anos da moeda. Atualmente, a confiança no real é considerada maior no próprio país do que fora dele, junto a outros países e investidores estrangeiros. A região Sudeste é a que mais confia na moeda brasileira (62%); no Sul, o índice de confiança é de 53% (a média nacional é de 60%).

“A Inflação é um imposto perverso, atinge as famílias, dificulta o cálculo empresarial, eleva o risco da economia, tira a previsibilidade do investimento de longo prazo, reduz o consumo de bens e serviços e, particularmente, penaliza as camadas mais baixas da população. A notícia boa desse levantamento é que, felizmente o brasileiro compreendeu a importância de combater a inflação e manter os preços estáveis”, diz Isaac Sidney, presidente da Febraban, que alerta: “Mas a inflação é um gato de sete vidas: ela precisa ser controlada, pois volta quando baixamos a guarda”.

“O Plano Real e o Bolsa Família são vistos como as duas principais marcas da economia brasileira na Nova República. O que significa que a estabilidade da moeda juntamente com as políticas sociais são ambas valorizadas como as mais relevantes alavancas do nosso desenvolvimento, avalia o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.