Comércio projeta crescimento moderado da economia em 2024

FCDL-RS diz que apreensão fica por conta do aumento da alíquota do ICMS

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As projeções para a economia em 2024 apontam que o próximo ano não deve ser muito diferente de 2023 no aspecto econômico. O cenário e a análise sobre este ano foram apresentadas nesta terça-feira, 12, em entrevista coletiva, pelo presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch e pelo economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Gustavo Inácio de Moraes, ao enfatizar que mesmo a continuidade da queda da taxa básica de juros precisa vir acompanhada de outras medidas, especialmente voltadas a captação de investimentos.

O comércio varejista gaúcho, considerados os seus setores tradicionais, cresceu no acumulado de janeiro a setembro de 2023, 2%. Esse crescimento foi ligeiramente superior à média nacional (1,8%) e superior ao dos estados de São Paulo (0,5%) e Paraná (1,4%), contudo ainda inferior ao de Santa Catarina, que cresceu 2,9%. Já no varejo ampliado, onde se situam bens duráveis como automóveis e material de construção, o crescimento foi de apenas 1,1%, sendo a média nacional de 2,4%. São Paulo e Santa Catarina tiveram desempenhos bastante superiores ao do Rio Grande do Sul, registrando 3,4% e 2,4% respectivamente. A venda de veículos, por exemplo, se sustentou, em boa parte do ano, através da facilidade gerada por subsídios públicos.

Na avaliação do economista Gustavo Inácio de Moraes, essa desaceleração do ritmo de crescimento das vendas pode ser justificada por outros entraves além da taxa de juros e da inadimplência, como as incertezas do mercado em relação a política econômica do país, a discussão em torno de uma reforma tributária, a não total recuperação do poder de consumo da população e, especialmente no Rio Grande do Sul, os desastres naturais que causaram perdas irreparáveis para centenas de famílias e milhares de empresas de diversos municípios, principalmente do Vale do Taquari.

PROJEÇÃO

Para o próximo ano, a expectativa é que existam definições com nova fase de crescimento econômico no Rio Grande do Sul e no Brasil. “É fundamental termos gestões públicas eficazes e eficientes, tanto em nível estadual quanto federal, que nos ajudem a impulsionar o círculo virtuoso da economia e a acelerar o crescimento de todos os setores produtivos, em especial, o comércio”, Koch.

Para Moraes, mesmo o crescimento de 0,1% do PIB no terceiro semestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior, reforça essa percepção, já que mostra uma desaceleração da atividade econômica, com queda de 2,5% nos investimentos ante o segundo trimestre do ano. “A perspectiva de longo prazo somente pode ser modificada com mudanças mais profundas, as quais temos chance de fazer em 2024. Entre elas, uma reforma tributária equilibrada, um realinhamento das contas públicas e uma liberação de crédito significativa para setores de infraestrutura”, ressaltou Moraes.

RETOMADA

O presidente da FCDL-RS pontuou, também, que existe uma grande apreensão da sociedade gaúcha para 2024, na medida em que a possibilidade de aumento da alíquota modal do ICMS, de 17% para 19,5%, caso seja concretizada e vigore no próximo ano, causará o empobrecimento dos gaúchos, diminuirá a competitividade do estado e afugentará empreendimentos para outras unidades federativas com menor carga tributária.

Lembrou que o aumento do ICMS proposto pelo governo estadual, caso seja aprovado, representará um incremento de aproximadamente 15% no ICMS, gerando uma elevação de preços em cascata que afetará todos os setores produtivos, de forma muito especial o comércio, pois vai diminuir a renda das famílias e retrair o consumo.

Ambos acreditam que a queda da taxa de juros, ficando em torno de 10% ao ano, em termos nominais, no primeiro semestre de 2024, poderá dar um alento aos consumidores, o que representa perspectivas mais positivas ao comércio. “Acelerar a concessão de crédito, ajudando a reativar a aquisição de bens duráveis, cujo consumo segue em queda por causa dos juros altos e do endividamento das famílias, é imprescindível para expandir o crescimento do comércio em 2024. Mais geração de renda fortalece o orçamento das famílias, impulsiona o consumo e movimenta a roda da economia positivamente”, disse Koch.