Maduro assina decreto que cria um estado venezuelano em Essequibo, região que pertence à Guiana

Venezuela quer anexar mais de 70% do território do país vizinho; tensão aumentou após a realização de um referendo

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assinou um decreto, nesta sexta-feira (8), que cria o estado de Essequibo na região rica em recursos minerais que pertence à Guiana. Em uma rede social, o líder venezuelano reforçou a intenção de incorporar parte do território do país vizinho.

“Que nossa Venezuela fique com seu mapa completo e siga seu caminho de glória e união”, publicou Maduro em seu perfil oficial no X, antigo Twitter.

A tensão na região se intensificou depois que Caracas realizou um referendo para a população opinar sobre a questão. As urnas indicaram que 95% dos venezuelanos concordam com a ampliação da fronteira e a criação de uma nova província.

Após o resultado, Maduro chegou a exibir um mapa da Venezuela já com a fronteira que engloba 75% do território da Guiana e segue com os planos de anexação.

O Conselho de Segurança da ONU se reuniu, em caráter de urgência, para debater a controvérsia entre os dois países da América do Sul e classificou a situação como uma “ameaça à paz e à segurança internacional”.

O Brasil reforçou nesta semana a presença militar em suas fronteiras com a Guiana e a Venezuela, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma advertência. “Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra, nós não precisamos de guerra, não precisamos de conflito”, disse Lula, que propôs a mediação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na disputa.

Disputa centenária

A Venezuela afirma que o Essequibo faz parte de seu território, como em 1777, quando era colônia da Espanha, e apela ao acordo de Genebra. Este último foi assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabeleceu as bases para uma solução negociada e anulando uma decisão de 1899. A Guiana defende essa decisão e pede que seja ratificada pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição é desconhecida por Caracas.