“Funcionários demitidos do Instituto de Cardiologia não seriam aceitos se voltassem ao trabalho”, afirma presidente do Sindisaúde-RS

De acordo com o Sindisaúde, 25% dos profissionais demitidos pretendem retornar ao trabalho, enquanto 75% buscam acertar com o Instituto a rescisão contratual

Foto: Reprodução/ Instituto de Cardiologia

O presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien, justificou que os 223 colaboradores desligados do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre não retornaram ao trabalho porque não seriam aceitos pela instituição. Conforme Jesien, a orientação veio após declaração do grupo de advogados responsáveis pela recuperação judicial do hospital, ocorrida com o sindicato na última quarta-feira (6).

De acordo com o Sindisaúde, 25% dos profissionais demitidos pretendem retornar ao trabalho, enquanto 75% buscam acertar com o Instituto a rescisão contratual. Uma mediação visando a busca de soluções para o impasse ocorreu nessa quinta-feira no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), entre o sindicato e a Fundação que administra o Instituto de Cardiologia.

“Muitas das pessoas realmente não têm mais o interesse de retornar às suas funções, mas querem e exigem o pagamento das suas verbas rescisórias, pois foram demitidos e têm direito a receber. A partir disso, a mediação no TRT4 vem nessa linha de construir saídas alternativas. Nessa rodada que teve ontem, foi bastante produtivo, e a gente acha que devemos concluir com êxito essa negociação, que tem que ser boa para todas as partes”, avaliou Jesien.

Desde a demissão coletiva, o Instituto de Cardiologia já entrou com pedido de recuperação judicial. Está prevista a chegada de um aporte de R$ 15 milhões por parte do Governo Federal. No encontro de quinta-feira, o secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, que também esteve presente, revelou que o valor ainda não foi recebido pelo hospital.

O presidente do Sindisaúde-RS espera que os recursos sejam utilizados para o pagamento das verbas rescisórias com os funcionários desligados. “Este valor pode, inclusive, saldar parte dos salários, visto que os trabalhadores foram determinados à reintegração, então eles têm direito a salário, têm direito a 13º e a gente está negociando isso lá no TRT. Parte desses valores irá pagar outras dívidas do Cardiologia, como a folha de pagamento, como o 13º [salário]. Entretanto, precisa ter a vontade política do Cardiologia para atender a parte mais frágil nesse processo, que são os trabalhadores, que até então não teriam nenhum centavo para pagar qualquer tipo de dívida ou mesmo para a própria subsistência”, solicitou.

Novos encontros ainda devem ocorrer nos próximos dias entre os representantes da Fundação Universitária de Cardiologia e o Sindisaúde-RS. Por parte do sindicato, a ideia é fazer um acordo em que se “construa a melhor proposta possível para os trabalhadores”. Júlio Jesien concluiu dizendo que pode ser discutida uma eventual proposta de parcelamento das verbas rescisórias, mas ressaltou que “a decisão será exclusiva dos trabalhadores”.