O número de inadimplentes recuou 0,9% em outubro contra o mês anterior, segundo dados dessazonalizados da Boa Vista, que abrangem todo território nacional. O resultado ocorre após a queda de 3,0% em setembro e contribui para o recuo de 4,1% do indicador no trimestre móvel encerrado em outubro, contra o trimestre imediatamente anterior, de maio a julho na série dessazonalizada.
O número de registros também ficou no campo negativo, caindo 12,9% em outubro na comparação interanual e finalizando o trimestre móvel com retração de 4,4% contra o mesmo período do ano passado. Já o crescimento em 12 meses continua desacelerando, passando de 13,7% em setembro para 10,3% na aferição atual. No acumulado do ano, o indicador registrou aumento de 6,9% em comparação ao mesmo período do ano passado.
“Este foi o quarto recuo consecutivo no indicador, algo que já era esperado em função da melhora que tem sido observada mês a mês nos fatores condicionantes, com destaque para os números de emprego. A taxa de desemprego, por exemplo, continua recuando e os dados, de modo geral, têm até surpreendido o mercado, uma vez que essa resiliência do emprego não tem exercido pressão sobre a inflação e gerado dúvidas sobre qual seria a taxa neutra de emprego para a economia brasileira neste momento”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.
RECUPERAÇÃO
O Indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista avançou 2,7% na comparação mensal e encerrou o trimestre móvel com elevação de 4,6% de acordo com dados dessazonalizados. Já em relação ao mês de outubro do ano passado, houve mais um aumento robusto de 27,9% e isso contribuiu para manter a curva de longo prazo do indicador em ritmo acelerado: o crescimento da recuperação de crédito passou de 20,9% para 21,2% entre os meses de setembro e outubro na análise acumulada em 12 meses. No mesmo sentido, no acumulado do ano a Recuperação de Crédito também acelerou seu ritmo de crescimento e apresentou elevação de 19,8% contra o mesmo período de 2022.
“Naturalmente o indicador de recuperação continuou respondendo ao avanço das renegociações por meio do ‘Desenrola’. No mês de outubro, quando teve início a segunda fase do programa, para a Faixa 1 de renda, de até dois salários-mínimos, o valor das dívidas elegíveis era de R$ 151 bilhões e após os descontos elas foram repactuadas para um valor de aproximadamente R$ 25 bilhões. Sem dúvida essa foi a principal etapa do programa, de modo que nos próximos meses a recuperação pode vir a ceder um pouco em termos de crescimento”, finaliza o economista da Boa Vista.