Enquanto a inflação oficial no país foi de 4,82% no acumulado dos 12 meses encerrados em outubro deste ano, as famílias brasileiras perceberam um aumento efetivo mais brando no custo de vida, com alta de 3,78% no período. É o que revela o Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF), novo indicador de inflação desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O cálculo considera os gastos dos consumidores brasileiros, que conseguiram driblar parte dos aumentos de preços na economia através de substituições na cesta de consumo.
O Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF) registrou alta de 0,38% em outubro, comparado com alta de 0,24% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme relatório da FGV, o resultado do IPGF de setembro, que fora divulgado como queda de 0,08%, foi revisado conforme previsto metodologicamente: a mudança foi marginal, com seu resultado tendo sido uma queda de 0,09%, para um IPCA de 0,26%. Com o resultado, o IPGF acumula uma taxa de 2,85% de janeiro a outubro de 2023, enquanto o IPCA ficou em 3,75%.
O IPGF usa dados do Consumo das Famílias no Sistema de Contas Nacionais do IBGE, compilados e projetados pelo Monitor do PIB da FGV, para atualizar mensalmente o peso dos itens na cesta de produtos e serviços cujos preços são investigados. A intenção é que o índice reflita a inflação a partir de uma cesta de consumo móvel, que se adapte automaticamente às alterações de preferência do consumidor ao longo do tempo.
O índice de difusão do IPGF – que mostra a proporção de itens com elevações de preços – saiu de 39,1% em setembro para 58,7% em outubro.”É a primeira vez desde maio que mais da metade dos itens apresentam aumento de preço. A análise de sua média móvel de 12 meses, porém, indica que o processo de redução do índice de difusão, apontado desde junho de 2022, ainda não foi revertido”, frisou o relatório da FGV.
