A inflação brasileira manteve a tendência dos últimos meses e, novamente, em outubro ficou mais baixa para as famílias de renda mais baixa. Segundo o indicador de Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) os preços dos bens e serviços consumidos pelo grupo de renda muito baixa avançaram, em média, 0,13% em outubro, acumulando 2,44% no ano e 3,51% em 12 meses. Já a variação média dos preços registrada no segmento de renda alta teve elevação de 0,55% em outubro, 4,96% no ano e 5,79% em 12 meses.
Para as classes de renda mais baixas, o maior ponto de pressão inflacionária, em outubro, veio do grupo alimentos e bebidas. Mesmo com a deflação registrada em segmentos alimentícios importantes na cesta de consumo, como aves e ovos (-0,14%) e leites e derivados (-2,8%), a alta do arroz (3,0%) e dos tubérculos e legumes, especialmente da batata (11,2%) e da cebola (8,5%), além do aumento das hortaliças (3,0%) e das frutas (3,1%), explica a contribuição positiva dos alimentos para a inflação das famílias brasileiras, sobretudo aquelas com renda menos elevada. Em contrapartida, a queda de 0,58% das tarifas de energia elétrica e de 0,30% dos artigos de limpeza explica a contribuição negativa do grupo habitação para a inflação das classes de renda mais baixas.
Já para a faixa de renda alta, o maior impacto inflacionário,veio do grupo transportes, refletindo, sobretudo, o reajuste de 23,7% das passagens aéreas, cuja alta anulou, inclusive, o alívio inflacionário vindo da queda de 1,5% no preço da gasolina. Ainda que em menor intensidade, o aumento de 0,76% dos planos de saúde e de 0,38% dos serviços pessoais também ajuda a explicar pressão exercida pelos grupos saúde e cuidados pessoais e despesas pessoais sobre a inflação desse segmento de renda mais alta.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, no entanto, verifica-se que houve uma desaceleração da inflação para todos os níveis de renda pesquisados. Para as classes de renda mais baixas, a melhora da inflação corrente é explicada pelo desempenho mais favorável dos alimentos no domicílio, em especial das farinhas e massas; dos tubérculos; das aves e ovos; e dos panificados, cujas variações de -0,7%, 4,5%, -0,14% e -0,10, respectivamente registradas em 2023, ficaram bem abaixo das observadas no mesmo período de 2022 (1,3%, 14,3%, 0,97% e 1,0%).