Pode ser um efeito do excesso de traumas nos últimos anos ou repercussão da saudade dos velhos tempos de glória. O fato é que alguns colorados, vivendo em claro descolamento da realidade, enxergam em Enner Valencia um dos problemas do Inter na temporada.
Dizem que o centroavante colorado perde muitos gols e, por isso, o apupam nas redes sociais ou até nas arquibancadas. O equatoriano realmente desperdiçou algumas chances, principalmente na Libertadores da América, mas tem no Inter números muito próximos dos quais ostentava no Fenerbahçe, onde viveu a melhor fase de sua carreira exatamente nos meses que antecederam a sua vinda a Porto Alegre.
Quase sem férias, Valencia emendou uma temporada na outra. Enquanto a maioria dos jogadores descansava, ele estava a serviço da seleção do Equador na Copa do Qatar − onde marcou três gols em três jogos.
Depois que veio para o Inter, em julho, já esteve em campo em 22 partidas e marcou dez gols. Os primeiros foram na Libertadores, onde foi decisivo contra River Plate e Bolívar, mas não conseguiu marcar contra o Fluminense, principalmente na derrota no jogo de volta, no Beira-Rio, que custou a classificação.
No Brasileirão, ele demorou a marcar. Chegou a ficar dez partidas sem conseguir balançar as redes. Então, marcou o primeiro, justamente no clássico Gre-Nal vencido pelo Inter por 3 a 2 no Beira-Rio. Depois, encarreirou uma sequência de mais cinco partidas marcando (em uma, contra o Santos, chegou a marcar duas vezes). Na mais recente rodada, contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte, esteve em campo, mas não foi às redes.
“O Valencia ficou marcado por alguns gols que perdeu na semifinal da Libertadores e isso chama a atenção mesmo. Mas ele cria muitas oportunidades e se coloca em condição de finalizar. Por isso, erra também. Mas ele é bom de finalização. Ele é fundamental para o jogo do Inter, até por se movimentar e propiciar que outros também jogadores apareçam para finalizar”, defende o comentarista Gutiéri Sanchez, da Rádio Guaíba.
Essa também é a opinião de Cristiano Silva, igualmente da Rádio Guaíba. “O Valencia é um diferencial do time, que casou bem com o Alan Patrick. Ele perde gols, mas já foi decisivo em vários jogos. Trata-se de um baita jogador, que gera preocupação para todas as defesas adversárias. Inclusive, a sua presença no time fez o rendimento ofensivo de outros jogadores subir. Se melhorar muito a sua média de gols, não fica no Inter”, finaliza.
