Copom sinaliza com mais um corte de 0,5 ponto percentual para dezembro

Comitê pediu firmeza com "as metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação".

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em aplicar a terceira queda seguida na taxa básica de juros, a Selic, para 12,25% ao ano, trouxe seus recados. Conforme o comunicado ao final do encontro desta quarta-feira, 1º, “a inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, mas segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta de inflação”, numa alusão às adversidades no cenário internacional.

Se não houver nenhuma variável que altere as projeções feitas no documento, a última reunião de 2023, em dezembro, “antevê uma redução da mesma magnitude”, considerando que “esse é o ritmo adequado para manter a política monetária contracionista necessária” para que a inflação continue cedendo. Se confirmado mais um corte deixaria a Selic anual em 11,75%, mantendo as projeções feitas pelos analistas no Relatório Focus divulgado pela autoridade monetária na última segunda-feira.

HISTÓRICO

O Copom pediu firmeza com “as metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação”. Analistas consideram que uma flexibilização da meta fiscal poderia aumentar os gastos públicos e, por consequência, elevando o risco inflacionário. O comunicado do Banco Central permite também a continuidade da queda das taxas dos DIs na próxima sexta-feira, 3, após o feriado no Brasil.

A taxa está no menor nível desde maio do ano passado, quando estava em 11,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que come-çou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto do ano pas-sado a agosto deste ano, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.