“Faça amor, não faça guerra”. O slogan usado pelos civis americanos nas décadas de 60 e 70 para reprovar a Guerra do Vietnã foi posto em prática por Olga Fikotová e Harold Connolly um pouco antes, em 1956. A Guerra Fria, que gerava tensões no mundo por causa do conflito entre Estados Unidos e União Soviética, também afetou os Jogos Olímpicos. Rivais políticos, os países também levaram a hostilidade para as competições.
Nos Jogos de Melboure 1956, o Comitê Tchecoeslovaco recomendou que seus atletas não interagissem com os americanos. Mas Olga Fikotová, estrela do arremesso de disco, ao pular do carrinho aterrissou no americano Hal Collonny após o treino, um dia antes do início do evento. A partir daí, os dois se aproximaram. Durante a competição, a atleta tchecoeslovaca conquistou o ouro e bateu o recorde olímpico do arremesso do disco. O americano também quebrou o recorde e subiu no lugar mais alto do pódio no arremesso do martelo. Mas não foi só no jogo que eles tiveram “sorte”. No amor também.
Os dois se apaixonaram, mas sabiam que viviam em lados opostos e que isso não seria bem visto. Pouco depois, Hal foi até Praga, capital da Tchecoeslováquia para pedir Olga em casamento. Enquanto o secretário americano John Foster Dulles apoiou o casal afirmando “Nós acreditamos no amor”, o governo tcheco hesitou. Mas após uma reunião entre a atleta e o presidente Antonín Zápotocky, o governante permitiu, pedindo para que fizessem tudo de forma discreta. Então, em 27 de março de 1957, Hal e Olga se casaram numa cerimônia tripla, que ainda teve os astros do altetismo tcheco Dana Zátopková e Emil Zátopek, com a presença de cerca de 30 mil pessoas.
Após o casamento, o casal foi morar nos Estados Unidos. Apesar de estar longe de casa, Olga mantinha a vontade de defender a bandeira tchecoeslovaca. Mas recebeu um telegrama impedindo-a de disputar os Jogos de Roma 1960 pelo país. Então, a partir daí, a atleta disputou pelos Estados Unidos todas as Olimpíadas até 1972, quando foi a porta-bandeira americana em Munique. Durante todo esse tempo, Olga era ignorada pelos atletas tchecoeslovacos, até seus últimos Jogos, quando descobriu que o governo havia espalhado o boato de que ela havia decidido mais defender o seu país natal. Olga e Hal se separaram em 1975 com dois filhos e duas filhas.
Em 1968, Olga lançou o livro “The Rings of Destiny” (Os anéis do destino) contando sua história de amor. A ex-atleta tem hoje 85 anos. Hal Connolly morreu em 2010, aos 79 anos, após ter uma parada cardíaca enquanto se exercitava.