Para celebrar os 30 anos do “Tá Na Mesa”, reunião almoço clássica da Federasul, vários entre os mais destacados empresários do Rio Grande do Sul foram chamados a palestrar ao longo deste mês na sede da entidade. Nesta quarta-feira, 25 de outubro, este ciclo se fechou com as palestras de Jorge Gerdau Johanpeter e Daniel Randon. Nas palavras do Presidente da Federasul, Rodrigo Souza Costa: “escolhemos celebrar os 30 anos do Tá Na Mesa com o melhor do empreendedorismo gaúcho, representados aqui pelas figuras de Jorge Gerdau e Daniel Randon. Líderes de empresas que transformaram o Rio Grande do Sul nos últimos 30 anos, parceiros da casa que muito nos orgulham”.
Antes da palestra aos convidados, questionados pela imprensa, Jorge Gerdau comentou como investidor no vizinho país que “no meu entender o processo da Argentina é o processo clássico destruidor do populismo sobre a atividade econômica. Um país que já passou da extrema direita à extrema esquerda e nós temos de aprender a conviver sem esses extremismos. Nós, no Brasil, sempre tivemos um processo mais harmonioso, mas recentemente passamos a viver com esse tipo de extremismo. Então devemos aprender com os erros dos outros e não os repetir. É muito importante que a gente aprenda com o que está acontecendo na Argentina nesse momento, pra que a gente não incorra nos mesmo erros, que no fim nos leva à dificuldades de governança.”
“Em relação ao cenário mundial, nós estamos atrasados nas reformas modernizantes que outros países já praticaram, em especial da reforma tributária, onde temos um atraso de 50 anos”, repete Gerdau.
Ainda sob o tema dos “hermanos”, Daniel Randon comentou, “temos alguns bloqueios na Argentina em função dessa questão do agro que está paralisado. Pra não falar na questão fiscal, onde hoje se tem um câmbio oficial e paralelo totalmente descolado. Com o novo governo que será escolhido, vamos torcer que volte a acelerar a economia, mas nós da RandonCorp continuaremos investindo na Argentina e crescendo dentro de nossa visão de longo prazo. Estamos lá e continuaremos investindo, produzindo lá e muitas vezes exportando a partir de lá para outros países.”
Analisando as questões macroeconômicas a partir da ótica nacional, Gerdau afirma: “no Brasil, a previsão de R$ 100 Milhões de déficit que deveria acontecer em 1 ano aconteceu já em 8 meses. Vamos depender do Congresso, pois já temos uma carga tributária muito elevada e acho que o parlamento não vai aumentar impostos. Isso vai nos levar a uma condição de inflação, apesar do controle do Banco Central.”
Sobre o geração de inflação na atual gestão de Brasília, Randon lembrou que “a conta, entre arrecadação e despesa tem que ser ajustada, mas acho que a indústria tem trabalhado em buscar mais competitividade internamente. Sem falar que nesse momento de novas tecnologias, especialmente de novas fontes de energias limpas o Brasil pode ser o protagonista, especialmente após aprovação do PL 412(que regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões e Mercado Regulado de Carbono)
Questionado sobre como lidar com situações de guerras bloqueando mercados e a inevitável frustração que isso gera para o público interno, Randon lembrou: “tivemos um momento de guerra que foi a pandemia, pois por não sabermos como lidar com o Covid, nós paramos a empresa por 3 semanas. No escritório colocamos quase todas as pessoas em ‘home office’ mas nas indústrias tivemos que parar. Nesse momento de guerra atual, a mesma coisa. Quando começou a guerra da Ucrânia demos todo apoio para que nossos funcionários saíssem com segurança das regiões em conflito. Esse é o papel da RandonCorp, pois eu chamo nossos 16 mil colaboradores de protagonistas”.
Em seguida Gerdau anunciou: “estamos preocupados com a China que está precisando exportar alguma coisa em torno de 100 Milhões de Toneladas de aço, que é mais que o dobro da produção brasileira. No momento estamos diante de um bombardeio de aço chinês sobre o Brasil, já que os chineses estão exportando de 3 a 4 vezes o que normalmente enviavam de aço ao nosso país. Hoje Estados Unidos e Mercado Comum Europeu estabeleceram uma taxação aduaneira de 25% sobre o aço chinês, em proteção contra essa pressão exportadora da China. É um tema muito complexo, mas o Brasil ainda está analisando como se posicionar quanto a isso.