A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) se reuniu nesta quinta-feira para discutir o conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que controla a região da Faixa de Gaza. Em encontros dessa natureza, representantes de 193 países emitem um posicionamento sobre o tema em questão. A reunião deve continuar nesta sexta.
Depois de vários impasses no Conselho de Segurança da ONU, países que defendem o fim da guerra no Oriente Médio convocaram uma reunião de emergência da Assembleia Geral para tentar fechar um acordo de “cessar fogo imediato”.
Enquanto no Conselho de Segurança países como Estados Unidos ou Rússia podem vetar as resoluções, impedindo que tenham êxito, na Assembleia Geral basta o voto da maioria dos países para que um texto seja aprovado.
Em pronunciamento, o observador permanente da Palestina junto às Nações Unidas, Riyad Mansour, pediu o cessar fogo imediato. Emocionado, ele falou dos mais de 7 mil palestinos mortos desde o dia 7 de outubro e questionou a diferença de tratamento dado para as vítimas israelenses e as vítimas palestinas.
“Porque se sente tanta dor pela morte dos israelenses e tão pouca dor por nós, os palestinos? Qual é o problema? Nos temos a fé errada? A cor de pele errada? A nacionalidade errada? A origem errada? Como os representantes dos países podem explicar o quão horrível é a morte de mil israelenses e não sentir o mesmo pela morte de mil palestinos que estão morrendo agora, a cada dia?”. Aplausos interromperam o discurso em várias ocasiões.
Já o pronunciamento do representante de Israel, Gilad Erlan, buscou o efeito oposto. Ele chamou de absurda uma resolução pelo cessar fogo e comparou o Hamas, responsável pela ação do dia 7 de outubro que resultou na morte de 1,4 mil israelenses, a um câncer.
“A missão de Israel é erradicar esse mal da Terra. Erradicar. Hamas não pode mais existir. Nosso objetivo é a completa erradicação do Hamas e suas capacidades. E vamos usar todo o tempo que tivermos para alcançar isso. Existe apenas uma solução para curar um câncer e é extirpando cada célula cancerosa”. O discurso era acompanhado por uma audiência que permaneceu em silêncio todo o tempo.
O ministro das relações exteriores do Irã, Hossein Amir-Abollahian, também discursou nesta quinta-feira e ameaçou os Estados Unidos, principal aliado de Israel: “Vou ser franco com o governo dos Estados Unidos, que está gerindo esse genocídio na Palestina. Não consideramos bem-vinda a expansão da guerra na região. Mas eu aviso que se o genocídio em Gaza continuar, eles não serão poupados da guerra. Esse é o nosso lar e o Oriente Médio é a nossa região”, afirmou.
Na última quarta-feira, na reunião do Conselho de Segurança, o representante dos Estados Unidos, Antony Blinken, já tinha ameaçado o Irã caso entre no conflito.
Mesmo que a resolução seja aprovada pela Assembleia Geral, Israel não é obrigado a seguir a recomendação da ONU. A votação, contudo, pode mostrar o isolamento israelense na guerra.