Recursos para o empreendedorismo podem crescer sete vezes, diz fundador da Anjos do Brasil

Entidade recebe mais de 1.500 aplicações por ano

O volume de investimento anjo realizado no Brasil poderia ser pelo menos sete vezes maior do que o aporte atual. A opinião é de Cassio Spina, fundador da Anjos do Brasil, entidade que apoia o empreendedorismo de inovação. “Nossa pesquisa computou R$ 984 milhões aplicados em startups brasileiras no ano de 2022. Se compararmos com os Estados Unidos, que tem investimento anjo anual da ordem de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões), vemos o potencial de crescimento por aqui. Nossa economia representa cerca de 7% do PIB americano, então poderíamos investir muito mais para sermos proporcionais”, diz o investidor, durante o Zero ao Topo Especial patrocinado por XP Empresas.

A Anjos do Brasil recebe mais de 1.500 aplicações por ano, mas só seleciona cerca de 20 delas anualmente para receber aporte. “Um pouco mais de 1% acaba recebendo investimento. Muitos empreendedores sobrevivem no feeling, muitas vezes não tem uma política de investimento, de governança para criar previsibilidade e isso atrapalha os planos”, diz Spina.

Para ele, a aposta dos empreendedores deve ser em um modelo colaborativo, onde cada um tem seu foco. “Por exemplo, a XP Empresas pode ser uma ótima opção de gestão financeira e de investimento. Assim o empreendedor toca o negócio e a XP cuida do lado financeiro.  Além disso, as startups são enxutas na estrutura e contar com uma gestão financeira experiente ajuda a dar espaço para a inovação e crescimento”, diz.

DESAFIOS

De acordo com Spina, há um conjunto de desafios para ampliar os investimentos anjo no Brasil. Começando pelo conhecimento sobre essa possibilidade. “Atuamos com educação dos investidores e muitos não sabem sequer que isso existe, uma vez que a cultura do investimento ainda é recente por aqui”, explica. Além disso, há o contexto econômico do país, com taxas de juros que desestimulam os investidores a apostar na economia real. “Boa parte vai para renda fixa em busca de ganhos seguros”.

O terceiro ponto, segundo o executivo, é a ausência de uma política de estímulo para investimento em startups. “A maior parte dos países têm política definida. Se pegarmos os Brics como exemplo, todos possuem regras de estímulo. A África do Sul tem um programa em que, além de ter isenção, você pode compensar o aporte em até 100% no seu imposto de renda devido. Isso faz toda diferença para estimular o investidor anjo”, afirma.