Brasil tinha 7,4 milhões de pessoas em teletrabalho em 2022, diz IBGE

Publicação estimou em 9,5 milhões o número de pessoas que exerceram trabalho remoto no período

Foto: Marcelo Camargo/ABr

Em 2022, o Brasil tinha 7,4 milhões de pessoas em teletrabalho no país, de forma habitual ou ocasional. Isso representava 7,7% do total de ocupados que não estavam afastados do trabalho (96,7 milhões). Os dados são do módulo inédito Teletrabalho e trabalho por meio de plataformas digitais 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgado nesta quarta-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo é fruto de um acordo de cooperação técnica entre o Instituto, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho (MPT). As estatísticas divulgadas na publicação são experimentais, ou seja, estão em fase de teste e sob avaliação.

A publicação estimou em 9,5 milhões o número de pessoas que exerceram trabalho remoto no período de referência, o que representava 9,8% do total de ocupados que não estavam afastados do trabalho. A partir desses dados é possível observar que, em 2022, havia 2,1 milhões que estavam em trabalho remoto, mas não estavam em teletrabalho, pois não usavam equipamentos de TIC para realizar as tarefas laborais.

“Para ser considerado trabalho remoto, é preciso que o trabalho seja realizado em ambiente alternativo ao local padrão de trabalho, ou seja, em local diferente daquele em que tipicamente se esperaria que fosse executado, considerando tanto a ocupação exercida pela pessoa quanto a sua posição na ocupação. Vamos supor que uma pessoa trabalhe por conta própria, em sua casa, na produção de pães e bolos para vender. Como o próprio domicílio é o lugar de funcionamento de seu negócio, para essa pessoa, trabalhar no domicílio não é considerado trabalho remoto. Já o teletrabalho é uma subcategoria do trabalho remoto, ocorrendo quando se utilizam equipamentos TIC para realizar as tarefas do trabalho”, explica Gustavo Fontes, analista da pesquisa.

ANÁLISE POR SEXO

Analisando os dados por sexo, cor ou raça, grupo etário e outros recortes, é possível perceber características das pessoas que estavam em teletrabalho em 2022. Cerca de 8,7% das mulheres ocupadas trabalharam nessa modalidade, contra 6,8% dos homens. As pessoas brancas (11,0%) também tinham percentuais muito superiores aos das pretas (5,2%) e pardas (4,8%). O grupo etário com a menor proporção de trabalhadores nessa situação era a dos adolescentes (14 a 17 anos), com 1,2%. Já o maior percentual ficou com o grupo de 25 a 39 anos, com 9,7%, acima da média nacional.

A pesquisa também investigou o teletrabalho por níveis de instrução. Apenas 0,6% dos ocupados que não tinham o ensino fundamental completo trabalhavam de forma remota, utilizando equipamentos de TIC. Entre os que tinham ensino fundamental completo ou médio incompleto, esse percentual subiu para 1,3%. A maior proporção estava entre aqueles com ensino superior completo: 23,5% realizavam seu trabalho dessa forma pelo menos ocasionalmente.

De todos os teletrabalhadores, quase 70% tinham nível superior. A proporção também era muito maior entre os profissionais das ciências e intelectuais, grupo que inclui, por exemplo, engenheiros, advogados, economistas, professores e diversos profissionais da área de TI, e entre as pessoas em cargos gerenciais e de direção. Esses tipos de ocupação tendem a ser mais favoráveis ao teletrabalho”, explica o analista.

TIPO DE OCUPAÇÃO

Na análise por tipo de ocupação, esses grupos destacados por Gustavo foram os que tinham maior percentual de teletrabalhadores. Mais de um quarto (28,6%) dos profissionais das ciências e intelectuais realizaram teletrabalho. Em seguida (26,1%), aparece o grupamento diretores e gerentes, com os cargos relacionados à gestão, direção ou gerência de equipes de trabalho.

Quando considerado o universo dos ocupados em teletrabalho, a maioria era homem (51,2%), enquanto 48,8% eram mulheres. Quase metade dos teletrabalhadores (49,6%) tinha de 25 a 39 anos de idade e 35,4% tinham de 40 a 59 anos. Somadas, essas faixas etárias respondiam por 85,0% do total. A ampla maioria (63,3%) dos ocupados que trabalhavam remotamente com equipamentos de TIC era branca (63,3%). A proporção de pretos e pardos era bem menor: 7,7% e 27,1%, respectivamente.