Aquilo que é motivo de insônia para alguns moradores do Moinhos de Vento entrou em uma nova etapa na tentativa de resolução. Há mais de 10 anos, pessoas que residem nas ruas Engenheiro Álvaro Nunes Pereira – a parte alta – e Engenheiro Saldanha – a parte baixa – convivem com o medo de desmoronamentos do Morro Ricaldone. E, na última semana, a Prefeitura de Porto Alegre lançou um novo edital de licitação para a execução de uma obra de engenharia no local.
O projeto que deverá ser colocado em prática pela Administração Municipal foi concebido após uma vaquinha por parte dos moradores da região. Com a verba arrecadada, eles contrataram uma empresa de engenharia e entregaram a proposta em julho de 2022 ao Poder Público. Entretanto, o primeiro edital de licitação aberto pela Prefeitura, em julho deste ano, deu deserto. A nova tomada de preços está agendada para o dia 6 de novembro, às 14 horas, na Sala de Licitações, com valor estimado em R$ 1.207.578,30.
De acordo com o edital publicado, estão previstos serviços de contenção através de muros de concreto, blocos e telas de proteção. Em nota, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) afirma que dois engenheiros da pasta “acompanham de perto a situação e entendem que não há um risco imediato de erosão daquele morro, mas que precisa sim ser feita a obra”. Entretanto, os moradores das duas ruas do bairro relatam que, após as chuvas de setembro, a situação do Morro Ricaldone se deteriorou e algumas áreas apresentaram deslizamentos e queda de árvores.
Ao caminhar pelo local, principalmente na parte alta do morro, é possível perceber algumas ondulações na via e no passeio público. Em alguns pontos da calçada, na beirada do morro, há sinais de deslizamentos. Mônica Maligo mora em um apartamento na rua Engenheiro Álvaro Nunes Pereira há mais de seis anos e conta do medo de não saber se, em um futuro breve, um possível deslizamento do Morro Ricaldone não possa afetar a estrutura do seu imóvel.
“Isso aqui é uma emergência, na verdade. A gente fica olhando todos os dias a coluna do prédio para ver se não tem algum dano na estrutura. O engenheiro que fez o projeto se dispôs a refazê-lo depois de ver que o morro desabou ainda mais após as chuvas. Ele falou que o granito abaixo da terra também está sofrendo desgaste. É uma situação de risco de vida. Dá a sensação de que só vai ser realmente tratado como uma emergência no dia que morrer alguém, que a rua desabar, que um prédio cair”, citou.
Na rua Engenheiro Saldanha, na parte de baixo do morro, a moradora Cleudis Tolotti, que também é síndica de um condomínio, celebra o movimento iniciado na região para resolver a questão. “Faz 12 ou 13 anos que nós começamos o processo de alertar com relação a deslizamentos no Morro Ricaldone, e nunca andou. O nosso medo é que ele desabe e caia em tudo em cima do nosso prédio. É assustador. Em dia de chuva, é algo que nos amedronta. Se desmorona, seremos atingidos por rochas, terras e árvores. Não tem o que segure”, completou.