Após alta de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul no segundo trimestre de 2023, as perspectivas para a economia gaúcha são desafiadoras no que se refere aos próximos meses. É o que retrata o Boletim da Conjuntura divulgado nesta sexta-feira, 20, apontando que o setor agropecuário cresceu de maneira expressiva na primeira metade do ano, teve menos destaque no segundo semestre. Além disso, a estimativa para a principal cultura do período, o trigo, é de menor produção em relação a 2022.
Ainda conforme o boletim, as perspectivas para a indústria de transformação, principal segmento industrial do RS, seguem desafiadoras, com o índice de confiança dos empresários ainda indicando pessimismo. Já no setor de serviços, a tendência é de crescimento. No acumulado do ano até julho, todas as atividades do segmento apresentaram expansão, com alta de 7,2%. Os maiores aumentos foram na área de transportes (10,4%), informação e comunicação (9,2%) e serviços prestados às famílias (5,3%).
A questão climática é outro ponto de atenção para os próximos meses, conforme o documento elaborado pelos pesquisadores Martinho Lazzari e Tomás Torezani, do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
“O excesso de chuvas, para além da tragédia humana, teve consequências econômicas severas. A principal delas é a destruição de capital produtivo com impactos diretos na produção em municípios da região do Vale do Taquari”, destaca Lazzari. “Entre as consequências com potenciais impactos negativos estão os problemas logísticos em pontes e trechos de rodovias e os efeitos sobre a colheita do trigo e o plantio das culturas de verão, principalmente arroz, milho e soja.”
CENÁRIOS
Em relação à economia mundial, o segundo trimestre de 2023 trouxe expansão em relação ao trimestre anterior dos Estados Unidos, com crescimento de 0,5% do PIB e, na área do Euro, com leve aumento de 0,1%, relacionado ao investimento e consumo. A economia chinesa, por outro lado, sofreu desaceleração de 2,2% para 0,8% no segundo trimestre, em decorrência da fragilidade da recuperação da demanda.
A economia brasileira, por sua vez, apresentou expansão de 0,9% no segundo trimestre do ano em relação ao trimestre imediatamente anterior. Houve crescimentos da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%), mas queda da agropecuária (-0,9%).
O nível do PIB encontra-se em patamar 7,4% superior ao do quarto trimestre de 2019, imediatamente anterior ao do início da pandemia.