A guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza não deve afetar imediatamente o desempenho da balança comercial do Brasil. A avaliação consta do relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta quinta-feira, 19, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O Icomex prevê um superávit recorde entre US$ 90 bilhões e US$ 92,5 bilhões para a balança comercial brasileira em 2023. No relatório anterior, a previsão era de um superávit de US$ 80 bilhões.
“Não se espera qualquer efeito imediato na balança comercial devido à guerra entre Israel e o Hamas”, resumiu a FGV. “No momento, do ponto de vista do Brasil, a principal questão é a crise humanitária e e os possíveis desdobramentos desse conflito. Os impactos irão depender de quanto o conflito possa se estender para outros países da região o que teria um efeito negativo para o crescimento da demanda mundial e impactos ainda não previsíveis com clareza no jogo geopolítico mundial.”
O documento lembra que o fluxo de comércio do Brasil é “pequeno” tanto com Israel quanto com a Palestin. A FGV ressalta que Israel é destino de apenas 0,2% das exportações brasileiras, 52º colocado na lista de mercados compradores, e responde por 0,6% das importações brasileiras, 34º na lista de países que vendem mercadorias para o Brasil. Já a Palestina seria o 134º mercado para as exportações brasileiras, e o 157º mercado das importações.
SUPERÁVIT
A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 71,3 bilhões de janeiro a setembro deste ano, sendo mais da metade desse resultado (52,8%, ou US$ 37,6 bilhões) explicado pelas trocas comerciais com a China. Houve também superávit no acumulado do ano no comércio do Brasil com a Argentina (US$ 4,6 bilhões), com os demais países da América do Sul (US$ 7,9 bilhões) e com a Ásia excluindo a China (US$ 7,1 bilhões). Já o Brasil acumula um déficit de US$ 2,3 bilhões de janeiro a setembro nas trocas comerciais com os Estados Unidos, e déficit de US$ 644 milhões no comércio com a União Europeia.
De janeiro a setembro de 2023, o volume exportado cresceu 8,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o volume importado caiu 2,7%. Os preços das exportações recuaram 8,0%, e os das importações caíram 9,2%. Em valores, as exportações caem 0,1% no acumulado do ano, enquanto as importações recuam 11,7%.