
Em alusão aos 30 anos do Tá na Mesa, a Federasul reuniu autoridades médicas nesta quarta-feira (11), para debater a importância da prevenção e do diagnóstico precoce ao câncer. A atividade aconteceu no Palácio do Comércio, no Centro Histórico da Capital. Participaram do encontro, Gilberto Schwartsmann, Maíra Caleffi e Fernando Lucchese.
Fundadora e presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), Maíra Caleffi que é especialista em câncer de mama, ressaltou a importância da prevenção para salvar vidas. De acordo com os dados apresentados pela especialista, houve 17.285 mortes por câncer de mama no Brasil em 2020. Este ano, já foram detectados 3.720 novos casos de câncer de mama no RS, sendo que 670 casos são em Porto Alegre.
“A gente tem um aumento do diagnóstico de 26% neste último ano. Isso é um aumento real, envelhecimento, obesidade, outros fatores de risco como HPV. Nós temos muitos fatores de risco e não estamos fazendo algo para fechar a torneira. Nós vamos continuar só tratando, tratando, vamos tornar um bom negócio e prevenir?”, questiona especialista.
O diretor médico e sócio fundador do instituto de oncologia Kaplan, Gilberto Schwartsmann, ressaltou a fragmentação do sistema de saúde, afirmando que a detecção precoce é a mais econômica e que grande parte da população ainda não tem convênio médico. Todos os exames de prevenção disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) deveriam ser oferecidos a todas as pessoas que chegam para atendimentos na saúde pública, segundo ele.
“Existe uma diferença abismal entre a cobertura de mamografia de mulheres que possuem convênio e o povo do SUS. É 70 para 30 a diferença. Qual é o Risco Brasil? É a diferença que existe na concentração de renda, isso tudo implica nos desdobramentos da realidade médica. Então qualquer coisa que a gente vá olhar de indicador de sucesso a gente vai ver que é sempre muito menor em populações mais vulneráveis e de baixa renda” destacou o especialista.
Fernando Lucchese, que é diretor dos hospitalidade São Francisco e Santo Antônio, da Santa Casa, lembrou que no Brasil não tem um Ministério da Saúde, mas sim um Ministério da Doença. Ele garantiu que mudanças são necessárias. Já sobre o uso da Inteligência Artificial na medicina, o cardiologista mencionou a crescente importância e afirmou que os dados recebidos hoje estão mudando as estatísticas existentes.
“A inteligência artificial é uma sofisticação da estatística, em primeiro lugar. Os dados são muito diferentes dos que nós tínhamos até agora. Nós tínhamos uma estatística de mortes por cirurgia coronária nos últimos 10 anos, que agora aplicando a uma estatística mais complexa, ela tem 15% de diferença a mais do que nós tínhamos, comparando com a estatística clássica que subdimensionava o resultado”, afirmou Lucchese.
Os médicos ainda destacaram que a medicina atual já sabe quais são as melhores intervenções e prevenções que precisam ser realizadas, porém ainda faltam políticas públicas para que pessoas sem condições financeiras também tenham acesso à prevenção.