Abicalçados prevê queda na produção de calçados até 2025

Somente em setembro, fabricação deve cair entre 2% e 4,8% em relação ao mesmo mês de 2022

Crédito: Divulgação/Abicalçados

A produção de calçados na indústria brasileira só deve alcançar o patamar registrado em 2019, período pré-pandemia, no ano de 2025. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), que promoveu a segunda edição do evento on-line Análise de Cenários, e revelam que a produção no mês de setembro deve cair entre 2% e 4,8% em relação ao mesmo mês de 2022, chegando a 6,5% de queda na comparação com setembro de 2019.

Conforme a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, o setor produziu 543,8 milhões de pares até agosto deste ano, um incremento de 0,1% sobre o mesmo período de 2022. Os dados ainda têm níveis produtivos 7% abaixo dos registrados em 2019. Para 2023, a projeção da Abicalçados é de um incremento entre 1% e 1,7% na produção, o que significa mais de 860 milhões de pares. Já para 2024, Priscila projeta um crescimento entre 1,5% e 2,8% na produção, para em torno de 870 milhões de pares de calçados, impulsionada pelo mercado doméstico.

“O crescimento do consumo interno deve ficar entre 3% e 3,4%, enquanto as exportações devem cair em torno de 9%. Para 2024, o comportamento de desaceleração no mercado externo deve se manter, de modo que o crescimento dependerá, assim como em 2023, do mercado interno brasileiro. O incremento do consumo doméstico, em 2024, deve ficar na faixa de 2,6% a 3,1%, enquanto as exportações, em pares, ficam mais instáveis, tendo uma banda que vai de queda de 4,7% a um incremento de 0,9%”, concluiu.

IMPORTAÇÕES

Ao mesmo tempo em que a China desponta novamente no mercado internacional, Priscila destacou a queda de 32,2% nas importações norte-americanas de calçados. “Neste cenário, as importações de calçados brasileiros caíram ainda mais, 51,2%. Já as importações de calçados chineses caíram menos, 30,8%. O fato demonstra uma perda na participação do calçado brasileiro e um aumento da presença chinesa. Movimento que também ocorreu na Argentina, onde o Brasil perdeu quase 10% de participação entre janeiro e agosto, participação proporcionalmente ganha pelos asiáticos”, disse.

No Brasil, o aumento das importações de calçados também preocupa. Entre janeiro e setembro, entraram no Brasil 23 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 348 milhões, incrementos tanto em volume (+13,4%) quanto em receita (+28,2%) em relação ao mesmo período do ano passado. As principais origens seguem sendo os países asiáticos, que respondem por mais de 85% do total de calçados que entram no País. “Além do aumento das importações, temos o incremento do cross border realizado pelas plataformas internacionais, hoje isentas de impostos em remessas de até US$ 50, o que afeta diretamente a produção brasileira”, concluiu Priscila.