Quase 90% do varejo brasileiro tem suas vendas parceladas sem juros no cartão de crédito. O percentual foi apurado por uma pesquisa inédita realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) junto a 6 mil empresas de todos os segmentos e portes do varejo nas 26 capitais e no Distrito Federal.
Mais de 1 milhão de estabelecimentos do varejo, o que representa 47,1% do setor, tem até metade das vendas faturadas dessa forma, volume correspondente a quase R$ 1,5 trilhão. Para 29,3% dos varejistas, as vendas no parcelado sem juros representam entre 50% e 80% do faturamento, o que chega a R$ 929 bilhões por ano. E para outros 13,2%, a fatia de vendas parceladas é superior a 80%, o que representa R$ 418 bilhões anuais. Aproximadamente 10% não souberam responder.
“A pesquisa mostra a relevância do parcelamento nas vendas do comércio e a consolidação do cartão de crédito como um condicionante do consumo nos últimos anos”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Nesse sentido, Tadros aponta a importância de se discutir a limitação dos juros no crédito rotativo. “Para a CNC, é necessário encontrar uma solução para racionalizar as taxas de juros exorbitantes, que chegam a impressionantes 440% ao ano, seguindo o modelo implementado no cheque especial no início de 2020”, reforça o presidente da Confederação.
DOCUMENTO
A CNC entregou ao Ministério da Fazenda na quinta-feira, 28 de setembro, o estudo que embasa o posicionamento da entidade para que seja mantido o parcelamento sem juros, sem intervenção nas condições de mercado, além da racionalização da taxa de juros do rotativo do cartão de crédito.
O PL 2.685/22, do programa Desenrola, foi aprovado pela Câmara dos Deputados e estabelece limite de 100% para os juros em relação ao valor da dívida total do cartão de crédito, garantindo que o montante total da dívida não exceda o dobro do valor original.
Essas são medidas importantes para equacionar o problema do endividamento e da inadimplência. Segundo a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela CNC, a proporção de famílias que não têm condições de pagar suas dívidas atingiu 12,7%, um recorde da série histórica do indicador, iniciada em janeiro de 2010.