Um tema recorrente em muitas discussões na Capital é com relação ao muro da Mauá, construído na década de 70 como uma forma de proteção contra enchentes. Localizada no Centro Histórico, a polêmica construção funciona como barreira para evitar alagamentos em caso de cheias históricas, como a verificada nessa semana. O Guaíba atingiu a cota de 3,18m, 18 centímetros acima da cota de inundação. Autoridades como o prefeito Sebastião Melo e o governador Eduardo Leite, defendem a substituição da construção por um sistema de contenção mais moderno, tão eficaz como o atual e que ao mesmo tempo ‘não afaste a cidade do rio’.
Em entrevista para a Rádio Guaíba, o prefeito Sebastião Melo disse acreditar que a tecnologia permita por em pauta a substituição do muro da Mauá. “Pelo menos da minha parte, nos grupos que participo desde quando vereador e, depois vice-prefeito, quero dizer o seguinte: nós somos hoje favoráveis a substituição deste muro fixo (…). Então tem sistemas de placas que, numa situação como essa, você pode acionar. O sistema que está programado para licitação ele tem aquelas arquibancadas e, depois das arquibancadas você tem ainda um sistema de placas que em caso de necessidade você sobe a placa”, declarou.
Presente no Cais Mauá na quinta-feira, o governador Eduardo Leite reforçou a defesa da derrubada do muro, com a substituição do atual sistema de prevenção contra enchentes por um novo. “Queremos entender o que se passou aqui no Cais e deixar claro para a população que a nossa defesa de que os muros sejam retirados não é para deixar desguarnecida a cidade. Haverá substituição por um novo sistema de contenção das cheias que proteja inclusive os próprios armazéns”, esclareceu.
O projeto defendido pelo governo do Estado prevê uma espécie de arquibancada junto ao rio, com elevação de 1,20m, servindo de barreira para as cheias do rio. Está previsto também um sistema retrátil de barreiras, funcionando de forma complementar. Em uma cheia como a registrada nesta semana, a barreira fixa, pelas projeções, já se mostra suficiente. As barreiras retráteis foram pensadas para eventos em que o nível ultrapassasse 4,20m – ou seja, os 3m da cota de inundação mais a altura da barreira fixa.
A reportagem repercutiu o assunto também com o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), Maurício Loss, que compartilha da mesma ideia. Para ele é viável a substituição do muro fixo por um novo sistema, sem afetar a contenção das águas, em caso de cheia do estuário. “Na minha avaliação, uma avaliação prévia como diretor do DMAE, o modelo proposto é muito bom, daquele sistema de arquibancadas mais próximo à beira do rio, que serve tanto para contenção contra cheias quanto para lazer. E acaba protegendo ainda os armazéns”, disse.
Maurício Loss acredita que a região ganhará mais vida com um novo método. Questionado se existe intenção por parte do executivo municipal sistemas de proteção a outras regiões vulneráveis a cheias como bairros do Extremo-Sul e o Arquipélago, o diretor do DMAE diz que esta discussão não está em pauta.
Segundo Loss, a ampliação do sistema de proteção que hoje contempla o muro da Mauá, o muro de concreto no Centro Histórico, e os diques espalhados por diferentes pontos da cidade, como a Freeway, Avenida Castello Branco e as orlas 1, 2 e 3, acarretaria custos exorbitantes, tornando inviáveis, no momento, projetos futuros por parte do Poder Municipal.