Confiança do comércio volta a cair em setembro, diz CNC

Lojistas apostam no crescimento das vendas nos próximos meses

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) marcou 113,1 pontos em setembro, registrando uma queda de mensal 0,7%. A retração do otimismo no comércio, após breve recuperação em agosto – quando o índice aumentou em 0,3% –, volta para a trajetória de queda apontada até julho. A pesquisa é realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

“Apesar da chegada de datas importantes para o comércio, como Dia das Crianças, Black Friday e Natal, o cenário no varejo ainda é de cautela, por conta da alavancagem e até da situação de inadimplência enfrentada por uma parte das empresas, limitando investimentos”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Ainda assim, ele lembra que a CNC prevê ligeira alta nas vendas do setor, de 2%, em 2023.

EXPECTATIVAS

Segundo o estudo, oito em cada dez comerciantes estimam que as vendas aumentarão nos próximos seis meses, mas apenas quatro sentem melhora nas vendas atualmente. Apesar das expectativas para o próximo semestre se manterem na zona otimista, com 145,2 pontos, o indicador se destaca com a maior queda no mês, de 1%.

Além disso, a visão do comerciante sobre as condições atuais teve leve queda, de 0,1%, por conta da piora da percepção sobre o desempenho da própria empresa, que reduziu 1,8% em relação a agosto. “As operações dos negócios, de forma geral, ainda sofrem para impulsionar as vendas, principalmente nos segmentos mais dependentes das vendas a prazo. A alta alavancagem das empresas é outro ponto de atenção”, aponta a economista da CNC responsável pelo Icec, Izis Ferreira.

Apesar da queda recente dos juros, a inadimplência empresarial segue crescente. De acordo com dados do Banco Central, a inadimplência das pessoas jurídicas vem crescendo de forma acelerada desde a segunda metade de 2022. Do total de crédito concedido às empresas, 3,3% está com inadimplência há mais de três meses, o maior percentual desde agosto de 2018.

CONFIANÇA

Os números contribuem para a redução acentuada da confiança do comércio no ano, que caiu 9,9%. Nas vésperas das datas mais relevantes no calendário do comércio, os varejistas também apontam retração mais intensa das intenções de investimentos na empresa, que reduziram 12,1%, e na contratação de funcionários, que diminuiu 10,0%.

O termômetro do otimismo piorou em setembro nos três grupos de lojas do varejo pesquisados: bens duráveis, não duráveis e semiduráveis. A confiança do varejista de duráveis apresentou a queda mais expressiva, de 2,9%, seguida dos não duráveis, com redução de 2,3% e semiduráveis, diminuição de 1,3%. Já na comparação anual, a maior redução do indicador ocorreu entre os varejistas de roupas, calçados e acessórios, com 10,7% a menos que no mesmo mês de 2022.

Com os ajustes necessários nas prateleiras promovidos pelos varejistas, diante das vendas sem crescimento acentuado, o desempenho do indicador de estoques foi o único que melhorou no ano, com alta de 3,5%. Mais da metade dos comerciantes (61,3%) afirma que o estoque está em nível adequado, o maior percentual desde o final do ano passado. Nesse sentido, o setor de varejo de roupas, calçados e acessórios se destaca com o volume mais alto.

O nível de adequação dos estoques é menor no grupo de semiduráveis (roupas, calçados, tecidos, acessórios). Para 57,8% desses comerciantes, os estoques estão adequados, proporção mais baixa do que há um ano, quando era de 61,3%.