PF investiga tentativa de espionagem por homem que tentou se infiltrar no sistema penitenciário

Suspeito se candidatou para vaga de estágio

A sede da secretaria fica próxima ao prédio da PF em Brasília - Foto: Divulgação / Senappen

A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) identificou uma tentativa de fraude no processo seletivo para estágio do órgão. Um candidato apresentou documentação falsa ao Centro de Integração Escola Empresa (CIEE), instituição responsável pelo processo de contratação de estagiários. A vaga a qual o homem se candidatou era para auxiliar na diretoria-executiva, no prédio sede da Senappen. O cargo daria acesso a dados internos da secretaria responsável pelos presídios e penitenciárias federais do país.

A Polícia Federal (PF) investiga o caso como suposta tentativa de espionagem dentro do sistema penitenciário. A principal suspeita, segundo fontes da corporação, é que se trate de mais uma tentativa de organizações criminosas para ter acesso a dados do sistema penitenciário. Em março, a Polícia Federal deflagrou uma operação para prender 11 faccionados que participavam do planejamento para sequestrar e matar autoridades públicas e servidores do sistema penitenciário.

Nos últimos 10 anos, quatro servidores da Senappen foram assassinados. Três deles pelo crime organizado. Um teve o crime orquestrado para pressionar o sistema a negociar benefícios para presos. A fraude foi identificada no final de agosto, após checagem da documentação entregue pelo candidato ao CIEE. Como se trata de área de segurança, a Diretoria de Inteligência Penitenciária da secretaria auxilia na análise aprofundada da vida pregressa dos candidatos, para verificar a moral e a reputação dos contratados.

O estagiário trabalharia na sede da Senappen, auxiliando a diretoria-executiva da secretaria. Além de dados sobre logística, segurança e de servidores que lidam diretamente com os presos, o estagiário que fosse admitido para a vaga teria acesso a dados sensíveis de inteligência do sistema penitenciário. Segundo a Senappen, o candidato foi “imediatamente desqualificado e desligado do processo antes da efetivação do seu contrato” e o caso foi enviado para a Polícia Federal. O R7 entrou em contato com o CIEE, mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem.