Júri de acusados de matar casal e filha de 1 ano é transferido para novembro

Cinco réus respondem pelas mortes de Alice Beatriz Paines Araújo, de um ano; Douglas Araújo da Silva, de 29, e Sabrine Paines Rodrigues, de 24, grávida de quatro meses

O juiz da 3ª Vara do Júri da capital, Marcos Braga Salgado Martins, dissolveu o conselho de sentença e remarcou, nesta quinta-feira, o julgamento de cinco acusados de terem matado um casal e a filha, de um ano, em 2018, na zona Norte de Porto Alegre. Os réus devem ser submetidos a júri popular em 23 de novembro, a partir das 9h15min.

Conforme o magistrado, com as recusas legalmente cabíveis às partes (três para cada réu e três para a acusação), não se chegou ao número de sete jurados, necessário para dar início à sessão. Foram 18 recusas, ao todo.

Para dar andamento ao júri, eram necessários 25 jurados presentes ao sorteio. Com apenas 22, não houve quórum.

No processo, cinco réus respondem pelas mortes de Alice Beatriz Paines Araújo, de um ano; Douglas Araújo da Silva, de 29, e Sabrine Paines Rodrigues, de 24 anos, grávida de quatro meses. Um sexto réu vai ser julgado em um processo separado.

Relembre o caso

Segundo o Ministério Público, na noite de 23 de setembro de 2018, as vítimas festejaram o aniversário de um ano de Alice, no bairro Rubem Berta. Após deixarem o local da festa, em um Ford Ka, eles forem perseguidos e emboscados pelos criminosos, usando dois veículos no crime. O carro das vítimas recebeu ao menos 50 disparos de fuzil e pistola, o que causou a morte dos três ocupantes.

O crime, ainda conforme o MP, teve como pano de fundo disputas entre facções. A denúncia cita que Douglas, o pai da criança, era o alvo do ataque. Foragido do regime semiaberto, após ser condenado a 10 anos de reclusão por tráfico, ele era gerente de uma facção na Vila Safira, no bairro Mário Quintana. Os réus compunham outra facção, com origem no bairro Bom Jesus, na zona Leste, que rivaliza com o grupo ao qual Douglas pertencia.

Quem são os réus

A acusação sustenta que os réus Maycon Azevedo da Silva, de 28 anos, Anderson Boeira Barreto, de 31, e Michel Renan Bragé de Oliveira, o ‘Bragé da Bonja’, 26, efetuaram os disparos contra a família.

Ainda conforme o MP, Leandro Martins Machado, vulgo ‘Mandy’, de 33 anos, havia sido recrutado para monitorar as vítimas e alertar os executores sobre a saída delas do local da festa. Já Nícolas Teixeira da Rosa, de 28, o ‘Ovelha’, guiou um dos veículos, completa a acusação. Todos os réus seguem presos preventivamente, com exceção de Leandro, que continua foragido.

O sexto réu, Émerson Alex dos Santos Vieira, apontado como mandante, vai ser julgado separadamente. Conhecido como ‘Romarinho’, ele cumpre pena em uma penitenciária federal desde 2020, depois de ter sido transferido pela Operação Império da Lei. O criminoso, segundo o processo, ordenou o crime de dentro da galeria dois do pavilhão F da Cadeia Pública de Porto Alegre.

A Polícia Federal, mediante compartilhamento de prova judicialmente autorizada, conseguiu extrair o conteúdo dos aparelhos celulares dos réus. Áudios e mensagens de texto revelaram que os acusados se comunicaram antes, durante e depois do crime. “A criança morreu ali mesmo. A mulher também. Morreu toda a família. Na real, isso acontece”, disse um deles, em gravação atribuída a Bragé.