Entenda o que ainda impede o nível do Guaíba de baixar

Lago enfrenta cheia por quase três semanas e se mantém com nível muito elevado

Foto: Guilherme Almeida/CP

O nível do Guaíba segue muito alto, mesmo com a diminuição da vazão dos rios contribuintes e sem a presença de vento Sul de moderado a forte. O nível medido no Cais Mauá, junto ao Centro da capital, praticamente se estabilizou ao redor de 2,60m, no início desta quarta, com pequenas oscilações.

O nível se mantém próximo do pico de cheia, registrado uma semana atrás. A possível explicação está na Lagoa dos Patos, que segue com nível muito acima da média após ter recebido todo o volume de água, nas últimas semanas, de rios que enfrentaram cheias, algumas delas históricas, como o Jacuí, Taquari, Sinos e Gravataí. Com a lagoa muito alta, o efeito que se opera é semelhante ao do vento Sul, de represamento, porque a água do Guaíba encontra maior dificuldade em escoar.

O pico da atual cheia se deu na manhã do dia 14, quinta-feira passada, com marca que raramente se observa. Chegou a 2,70m no Cais Mauá, apenas 30 centímetros abaixo da cota de transbordamento no Centro. No Sul da cidade, com cotas de extravasamento menores, houve alagamento. Nas ilhas, a situação, já ruim, piorou. Com o nível muito elevado, as águas do Guaíba refluíram pela rede pluvial e alagaram ruas no Quarto Distrito.

A cota de 2,70m do dia 14 só havia sido superada, neste século, pelo registro de 2,97m, de outubro de 2015, e bateu as de várias cheias daquele ano de Super El Niño. Superou a da grande cheia de outubro de 2016 (2,65m), da de 1984 (2,60m) que levou o então prefeito João Dib a fechar o portão da Mauá no Cais (o que só se repetiu em 2015), das cheias de 1965, 1966 e da primeira de 2015 (2,56m), e da de 2002 (2,52m). Ficou abaixo dos 2,97m de 2015, os 3,13m de 1967 e os 4,76m de 1941.

Com ingresso de vento Sul na manhã dessa segunda-feira, o Guaíba começou nova trajetória de alta e atingiu 2,62m no começo da tarde, recuando depois para 2,53m no começo da madrugada dessa terça antes de se elevar rapidamente para 2,68m no início da manhã. Depois, recuou durante o dia e se manteve entre 2,57m e 2,60m.

A grande cheia do Guaíba em Porto Alegre decorre principalmente de outras duas grandes. O Taquari, segundo maior contribuinte, experimentou a maior cheia desde 1941 no começo do mês. Na sequência, o Jacuí, maior contribuinte do Guaíba, passou pela terceira maior cheia desde 1941. No fim de semana, a cheia do Jacuí na régua de Cachoeira do Sul, ao atingir 25,55m no ponto de medição da Ponte do Fandango, superou a marca de outubro de 2015, quando o nível chegou a 25,53m.