Em Nova York, Lula e Zelensky se reúnem pela primeira vez

R7 e Record TV apuraram que encontro começou pouco depois das 17h05min, pea hora de Brasília; presidentes já protagonizaram críticas entre si

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu pela primeira vez, nesta quarta-feira, com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, em Nova York, nos Estados Unidos. O R7 e a Record TV apuraram que o encontro começou por volta das 17h05min, pelo horário de Brasília. Em momentos anteriores ao encontro, Lula afirmou que a ideia era tratar com Zelensky “sobre os problemas que ele quer conversar comigo”.

Estiveram com Lula na reunião os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, e o senador Jaques Wagner, líder do governo no Senado.

Antes da reunião, Zelensky encontrou o presidente do Chile, Gabriel Boric. O chileno e Lula já protagonizaram desentendimentos públicos, em razão de opiniões sobre a Venezuela e o conflito entre Rússia e Ucrânia. Boric repreendeu o petista, em maio, por declarações sobre a nação sul-americana. Lula tinha afirmado que o país vizinho vinha sendo “vítima de uma narrativa de antidemocracia e do autoritarismo”.

Lula se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, antes do encontro com Zelensky. Os presidentes do Brasil e dos EUA lançaram uma parceria inédita para a promoção do trabalho digno.

Desencontro no Japão
No fim de maio, durante a cúpula do G7, realizada em Hiroshima, no Japão, Lula e Zelensky previam se encontrar, o que acabou não ocorrendo. Depois do episódio, o presidente da Ucrânia disse que a reunião não se concretizou “porque não houve passos” por parte do brasileiro.

“Estive em contato com certos líderes, mas não houve nenhuma providência da parte deles”, disse o presidente ucraniano, que também deu a entender que problemas de agenda levaram ao desencontro.

Dias depois, Lula conversou por telefone com Putin e disse estar à disposição para buscar uma solução para a guerra. O petista e Zelensky fizeram uma videoconferência no início de março e também trataram sobre o tema.

Desentendimentos anteriores
Desde a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro do ano passado, Lula e Zelensky vêm colecionando falas desencontradas sobre o conflito e críticas públicas quanto aos discursos um do outro.

O brasileiro chegou a declarar que não quer “se meter” no conflito, porque a principal guerra com a qual está preocupado é a que luta contra a fome no Brasil. No entanto, ele manteve as opiniões públicas sobre a guerra.

Na semana passada, Lula afirmou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não vai ser preso caso visite o Brasil. Putin é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra cometidos na Ucrânia. O Brasil é signatário do estatuto que criou a Corte e, portanto, precisa cumprir as ordens expedidas pela instituição.

Depois da repercussão negativa, Lula voltou atrás e deixou a decisão para a Justiça. “Não sei se a Justiça brasileira vai detê-lo, é a Justiça que vai decidir, não é o governo”, disse.

Críticas de Zelensky
No início de agosto, o líder ucraniano declarou que o petista “coincide com as narrativas” de Putin. “Espero que ele [Lula] tenha uma opinião própria. Não creio que seja necessário que os seus pensamentos coincidam com os pensamentos do presidente Putin”, afirmou Zelensky, para quem declarações como as do brasileiro “não ajudam a trazer a paz”.

“Para ser honesto, se o presidente Lula quiser me dizer alguma coisa, que se sente [comigo] e me diga. Pensei que ele tivesse uma compreensão mais ampla do mundo”, criticou.

Em 29 de agosto, Zelensky rechaçou soluções de paz que impliquem a cessão de parte do território ucraniano à Rússia, como Lula tinha sugerido. “Quando falamos de uma fórmula unilateral ou multilateral, devemos ser justos. E o presidente Lula deve entender claramente que a guerra é na Ucrânia, e não na Rússia. Nem no Brasil, nem na África, nem nos Estados Unidos”, criticou o ucraniano, ao acrescentar que, “para dizer algo, é preciso compreender quem é a vítima e quem é o agressor”.

Dias antes, o presidente brasileiro tinha criticado Putin e Zelensky por ainda não terem terminado a guerra. “O dia que os dois países se entenderem e falarem: ‘Gente, vamos parar com essa guerra. Nós somos maiores de idade, temos representatividade civil. Nós queremos ajuda para encontrar a paz’; o dia que falarem isso, o Brasil pode não ser o primeiro, mas será um dos primeiros [a ajudar]“, garantiu.

No início de agosto, o petista disse que Zelensky e Putin devem ter “humildade” para buscar um acordo para o fim do conflito. Lula afirmou que, “por enquanto, os dois acham que vão ganhar a guerra”.