Sindicatos perderam 5,3 milhões de filiados em 10 anos, mostra IBGE

O Sul (11,0%) registrou a maior taxa de recuo

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Em 2022, das 99,6 milhões de pessoas ocupadas na economia brasileira, 9,1 milhões de pessoas (9,2%) eram associadas a algum sindicato. Esse é o menor contingente da série iniciada em 2012, quando havia 14,4 milhões de trabalhadores sindicalizados (16,1%). Em 2019, essa taxa era de 11,0% (10,5 milhões). As informações são do módulo Características Adicionais do Mercado de Trabalho 2022, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-lios (PNAD) Contínua, divulgada nesta sexta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Todas as grandes regiões tiveram redução de sindicalizados em 2022. O Sul (11,0%) registrou a maior taxa de recuo. “A redução na população sindicalizada acentuou-se a partir de 2016, quando a queda da sindicalização foi acompanhada pela retração da população ocupada total. A partir de 2017, embora com a população ocupada crescente, o número de trabalhadores sindicalizados permaneceu em queda”, analisa Adriana Beringuy, coor-denadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.

Em 2022, a população ocupada atingiu sua maior estimativa, alcançando 99,6 milhões de pessoas. Esse contin-gente representou acréscimo de 4,9% em relação a 2019 (95,0 milhões de pessoas) e de 11,0% frente à popu-lação de 2012 (89,7 milhões de pessoas). No entanto, “a expansão da população ocupada nos últimos anos não resultou em aumento da cobertura sindical. Isso pode estar relacionado a diversos elementos, como aprofun-damento das modalidades contratuais mais flexíveis introduzidas pela Reforma Trabalhista de 2017, formas independentes de inserção dos trabalhadores na produção em alternativa à organização coletiva, e o uso cres-cente de contratos temporários no setor público”, destaca a coordenadora.

RECUOS

A taxa de sindicalização recuou em todos os grupamentos de atividades, tanto em relação a 2019 como a 2012. A exceção foi Serviços domésticos, que manteve os 2,8% registrados em 2019 e cresceu 0,1 ponto percentual ante 2012 (2,7%), mas sempre com a menor taxa entre os grupamentos.

A maior queda foi na atividade de Transporte, armazenagem e correios, que em 11 anos registrou redução de 12,5 pontos percentuais, passando de 20,7% em 2012 para 11,8% em 2019 e 8,2% em 2022.

“Nos últimos anos, o crescimento da ocupação nessa atividade tem sido promovido pelo transporte terrestre de passageiros, que congrega muitos trabalhadores (motoristas) com inserção isolada e informal na ocupação, o que pode contribuir para a queda na sindicalização”, declara a coordenadora.

A maior taxa de sindicalização foi de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (16,5%). “Essa atividade possui participação importante dos sindicatos de trabalhadores rurais, por meio dos quais mui-tos trabalhadores da agricultura familiar buscam assistência e informações sobre a organização de sua produ-ção, principalmente na região Nordeste”, explica Beringuy.

COMÉRCIO

Também com importante cobertura sindical, a Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (15,8%) seguiu em queda em 2022. O mesmo movimento foi demonstrado pela Indústria geral, que até 2015 exibia taxa de sindicalização próxima a 20%, baixando a estimativa para 11,5% em 2022.

Embora o Comercio, reparação de veículos automotores e motocicletas seja responsável por cerca de 19,1% da população ocupada total, essa atividade registrou taxa de sindicalização de 5,6%, inferior à média observada da população ocupada total (9,2%). “Nesse sentido, observa-se que cobertura sindical não depende do contin-gente de trabalhadores em determinada atividade econômica, mas também de como os trabalhadores se or-ganizam e se inserem na produção e o papel dos sindicatos nas relações de trabalho”, observa Beringuy.