Passada uma semana da enchente que praticamente destruiu a cidade, Muçum, no Vale do Taquari, começa a superar a tragédia. Muito trabalho ainda precisa ser feito, como ajudar as cerca de 500 pessoas que ainda estão nos abrigos e na limpeza de regiões do município, mas há avanços importantes. Após concentrar esforços em salvar as vidas, atender os feridos e desabrigados, a prefeitura e o poder público iniciaram a retomada dos serviços essenciais, como comunicação, a limpeza urbana e a questão do restabelecimento de água e luz.
“Dentro das possibilidades, conseguimos avançar muito e menos tempo do que se estimava inicialmente. Tinham algumas previsões iniciais que iríamos levar em torno de um mês para reestabelecer alguns pontos de energia elétrica, por exemplo. Em uma semana, tivemos praticamente toda a cidade com energia elétrica reestabelecida. Foi feita uma força tarefa com várias frentes, com muitos órgãos, entidades e os poderes públicos totalmente engajados no processo de reconstrução de Muçum. Graças a isso, conseguimos evoluir rapidamente”, destacou o prefeito Mateus Giovanoni Trojan.
Não chove mais na cidade, apesar do tempo nublado e com o sol aparecendo entre nuvens. A temperatura de 11ºC pela manhã também sinalizava que a chuva deve dar uma trégua. “Foi uma catástrofe. A cidade ainda está traumatizada e de luto pelas perdas. Será um processo longo e gradativo para a gente conseguir superar e se fortalecer depois desta situação”, admitiu Trojan.
Além da limpeza que precisa ser realizada em alguns bairros da cidade, e, por isso, Muçum segue precisando da ajuda de voluntários, a prefeitura demonstra preocupação com as cerca de 500 pessoas que estão em abrigos provisórios criados prefeitura. “É um número bastante significativo, pois são de pessoas que tem dificuldades maiores para retornarem para as suas casas. Ou comprometeu a parte estrutural (das residências). Ou a casa foi levada pelas águas, como aconteceu com dezenas de famílias. Essas são as situações mais complexas de resolver”, revelou o prefeito.
Mateus Trojan agradeceu a solidariedade que a cidade recebeu de diversos lugares do Estado, do país e até de fora do Brasil, e ressaltou que o momento é de organização para fazer com que as doações cheguem até as pessoas necessitadas. Porém, destaca que ainda é preciso ajuda.
“Mão de obra é uma demanda muito grande, pois tem muitos lugares que não conseguiram se estruturar na limpeza. Estamos pedindo que as doações sejam em dinheiro, pois temos um estoque muito grande de material enviado de outros locais. Estamos no processo de organização para chegar as pessoas que precisam. Temos um PIX institucional que foi criado pelo município para centralizar as doações (CNPJ 93856813000169 – Coop Sicredi Região dos Vales) e só será liberado o uso do recurso após a criação de uma comissão que vai criar os critérios para ajudar as pessoas”, informou.
A principal preocupação do momento é com reestabelecer a habitação dos cidadãos que perderam as suas residências, mas também em como recuperar a economia local. “A questão econômica é uma preocupação que temos, pois é necessário encontrar caminhos para auxiliar as pessoas, os empreendimentos e empreendedores a retomarem os seus negócios. Apesar dos anúncios federal e estadual, também precisamos pensar estratégias de apoio direto, sem restituição, pois, caso contrário, vamos ter dificuldades e empresas podem nem voltar as suas atividades, por terem sofrido um prejuízo muito grande e por não querer correr o risco de um novo endividamento e por estar, boa parte delas, em áreas de risco. Pelo que percebo, é a única aresta que temos que aparar para ter todas as ferramentas para a reconstrução da cidade”, concluiu.
Outro serviço que foi reestabelecido na cidade é o atendimento aos clientes da Caixa. Uma unidade provisória foi instalada na Avenida Borges de Medeiros, 80, no Centro, e funcionará das 10h às 15h, nos dias úteis. O local conta com um caixa eletrônico.
Na manhã desta quinta-feira, o prefeito recebeu o secretário estadual de Logística e Transportes do RS, Juvir Costella, para tratar a reconstrução da Ponte Brochado da Rocha, que teve sua parte rodoviária levada pelas águas do Rio Taquari, durante a histórica enchente que atingiu Muçum e outros municípios do Vale do Taquari.
Dos 47 mortos em decorrência das chuvas, 16 eram moradores da cidade. Quatro pessoas ainda estão desaparecidas. Os interessados em ajudar Muçum podem obter informações através do Instagram da prefeitura (@prefeiturademucum).