Após reunião com órgãos da prefeitura para alinhar estratégias a fim de minimizar os efeitos das chuvas, no início da tarde desta quarta-feira, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, se declarou preocupado. Ele monitora o volume de chuvas e salienta que o vento Sul vem represando as águas do Guaíba e provocando inundações. Ele apela para que os moradores de áreas de risco deixem as residências ou peçam ajuda.
“O que nós queremos pedir à população é que aqueles que puderem ficar em casa, fiquem, trabalhem em casa. O nosso canal de comunicação é o 156. E que as pessoas que moram em área de risco, a gente faz um apelo a elas que não esperem, que tomem a decisão de ir para os seus parentes ou ligar para a Defesa Civil e dizer que querem ser acolhidas”, reforça o prefeito.
A prefeitura já estabeleceu três locais de acolhimento para a população da capital, cada um com capacidade para receber, de imediato, 50 pessoas e com possibilidade de aumento: um no Lami, outro na zona sul e um terceiro na Ilha da Pintada. No momento, existem 48 indígenas abrigados no do Lami.
O prefeito cancelou todos os compromissos da agenda desta tarde para monitorar de perto alguns pontos de maior perigo no município, como o Arroio Capivara e a Ponta Grossa, no Extremo Sul de Porto Alegre. Apesar de ter pontos mais delicados, Melo salienta que toda a cidade gera preocupação.
“Toda a cidade preocupa, por exemplo, o Arroio Ipiranga, nós estamos trabalhando ali para acolher os moradores de rua que estavam embaixo de ponte. Nós temos outros arroios com problemas, no Partenon, sempre o Arroio Moinho é um grande problema ali, já morreu gente. Nós temos a Lomba do Sabão, que é outro ponto de atenção. O Manecão também está no seu limite e o Cavalhada já extravasou. Quando o rio está alto, o que acontece? Mesmo que as casas de bomba estejam funcionando, a água não escoa. Então, isso é um problema sério. Agora, a natureza é a natureza”.
De acordo com o prefeito, a água represada deve se manter até sexta-feira, por isso a atenção deve ser dobrada para esta quinta. “A previsão é que a chuva vai até amanhã, mas o vento Sul vai até sexta-feira. Então, sexta, ele muda. Hoje está mostrando isso, mas a meteorologia todos sabemos como é, pode mudar a qualquer momento. Isso significa que teremos água represada até sexta-feira. Então, se eu pudesse dizer com uma razoável precisão, talvez, o nosso pior dia será amanhã. Liberando o vento Sul, ela escoa para a lagoa e depois para o mar”, afirmou.
A prefeitura também solicita que toda a parte da Orla do Guaíba seja evitada, especialmente o trecho 1 e o calçadão de Ipanema, uma vez que o rio já atingiu a área de pedestres.
Na zona Sul, oito unidades de saúde – Ilha da Pintada, Farrapos, Laranjeiras, Lami, Belém Novo, Paulo Viaro, Ponta Grossa e Jardim das Palmeira – foram fechadas, e a Escola Municipal de Educação Fundamental Professor Larry José Ribeiro Alves, na Restinga suspendeu as atividades.
De acordo com a Defesa Civil, os dados pluviométricos na estação do Belém Velho registraram 84 milímetros, nas últimas 24 horas. O órgão afirmou ainda que diferentes atendimentos vêm sendo realizados no Extremo Sul da cidade.
As águas do Guaíba voltaram a subir com força nesta quarta-feira. Conforme a régua da Agência Nacional de Águas (ANA), o nível chegou a 2,42 metros no Centro Histórico no começo da tarde, mantendo depois a condição de estabilidade. A cota de alerta no local é de 2,55 metros, e de cheia, 3m. Na Ilha da Pintada, segundo a Defesa Civil Municipal, a medição manual apontou 2,08m, dentro da cota de alerta, de 2m, mas fora da cota de inundação, de 2,20m. Mesmo assim, a Escola de Educação Infantil Anjo das Flores, na Ilha Grande dos Marinheiros, não abriu as portas nesta quarta.
A prefeitura orienta que quem precisar de abrigo ligue para 156 ou 199 (Defesa Civil), e não se desloque diretamente até os locais de acolhimento.