Moraes nega acesso de Bolsonaro e Michelle a depoimentos de Mauro Cid à PF

Decisão decorre de acordo de delação homologado pelo ministro do STF no sábado

Foto: Tânia Rêgo/ABr

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido de acesso ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro aos depoimentos do ex-ajudante de ordens Mauro Cid à Polícia Federal. A decisão decorre do acordo de delação celebrado entre Cid e os investigadores, que Moraes homologou no último sábado.

No mesmo dia, o ministro autorizou à defesa o acesso aos depoimentos prestados pelo general Mauro Lourena Cid, por Osmar Crivelatti e por Frederick Wassef. Fabio Wajngarten e Marcelo Câmara ficaram em silêncio naquele dia, assim como o casal.

A defesa de Bolsonaro e Michelle alegou que o STF não é o “foro competente” para a apuração desses crimes. “Não se trata de ficar em silêncio. O STF não se mostra o órgão jurisdicional correto para cuidar da presente investigação”, postou a ex-primeira-dama em uma rede social.

Em agosto, a Polícia Federal cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em uma operação de combate a crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligados ao caso das joias recebidas pelo ex-presidente. O general Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, era um dos alvos da operação.

Investigações
Na última semana, Mauro Cid buscou o STF indicar a Moraes a formalização da delação. Ele prestou um novo depoimento à Polícia Federal no inquérito sobre a conduta do hacker Walter Delgatti Neto na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos falsos, entre eles alvarás de soltura, no Banco Nacional de Mandados de Prisão.

O tenente-coronel do Exército também vem sendo investigado por participação em um esquema de fraude em cartões de vacinação e em uma tentativa de golpe de Estado. Cid passou, ainda, a ser alvo do inquérito sobre o caso das joias estrangeiras dadas a Jair e Michelle Bolsonaro e no dos atos extremistas de 8 de janeiro. À Polícia Federal, ele já depôs ao menos seis vezes.