No G20, Lula cita enchentes no RS e cobra recursos de países ricos contra aquecimento global

Presidente destacou que as mudanças climáticas, neste momento, afetam o estado do Rio Grande do Sul

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou que os países mais ricos, que “historicamente” contribuíram mais para o aquecimento global, arquem com os maiores custos para combater o problema. O brasileiro discursou na abertura da Cúpula do G20. A reunião integrou a sessão intitulada “Um planeta Terra”. O evento ocorre em Nova Déli, na Índia.

O presidente exemplificou que as mudanças climáticas, neste momento, atingem o estado do Rio Grande do Sul. “Agora mesmo no Brasil, o Estado do Rio Grande do Sul foi atingido por um ciclone que deixou milhares de desabrigados e dezenas de vítimas fatais”, relatou aos presentes.

Ele pontuou ainda que os efeitos da mudança do clima trazem mais consequências para grupos vulnerabilizados. “São os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes, os mais impactados”. Cada participante tinha três minutos de fala. O brasileiro deve falar novamente na tarde de hoje e, também, amanhã.

Para Lula, a falta de compromisso dos mais ricos gerou uma dívida “acumulada ao longo de dois séculos”. “Desde a COP [Conferência das Partes] de Copenhague, [em 2009], os países ricos deveriam prover 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida”.

Emergência climática
Lula alertou que a falta de compromisso mundial com o meio ambiente levou a uma “emergência climática sem precedentes”. “Se não agirmos com sentido de urgência, esses impactos serão irreversíveis”, apontou. O discurso lido no evento reforçou que o aquecimento global modifica o regime de chuvas e eleva o nível dos mares.

Outra crítica feita pelo presidente é que os países mais ricos não podem ficar transferindo responsabilidades para as nações do hemisfério Sul. “De nada adiantará o mundo rico chegar às COPs do futuro vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para o Sul Global”.

Lula avalia não faltarem recursos tendo em vista o gasto com armas em nível planetário. “Ano passado, o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares em armas. Essa montanha de dinheiro poderia estar sendo canalizada para o desenvolvimento sustentável e a ação climática.”

Ele defendeu que o Brasil vem fazendo a “lição de casa” e que a proteção da floresta e o desenvolvimento sustentável da Amazônia são prioridades do atual governo. “Nos primeiros 8 meses deste ano reduzimos o desmatamento em 48% em relação ao mesmo período do ano passado”, exemplificou, citando a realização da Cúpula da Amazônia e o lançamento de uma nova agenda de colaboração entre os países que fazem parte daquele bioma.

O presidente brasileiro adiantou que, durante o período que o Brasil estiver na presidência do G20, vai lançar uma “Força Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima”. “Queremos chegar na COP 30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas”, completou.