Caso Kiss: defesa de Elissandro Spohr se opõe a transmissão do julgamento

Escritório de Jader Marques também se opõe à reserva de "lugares privilegiados" para profissionais da imprensa

Foto: Mauro Schaefer/CP

A defesa do réu Elissandro Callegaro Spohr, ex-sócio da boate Kiss, enviou à 1ª Vara do Júri de Porto Alegre uma petição se opondo à transmissão do julgamento dos réus, que vai ser novamente realizado após a anulação do júri que os condenou, em dezembro de 2021. No documento, o escritório do advogado Jader Marques também se opõe à reserva de “lugares privilegiados” a profissionais da imprensa e à permissão especial de gravação concedida a empresas produtoras de conteúdos em vídeo.

No entendimento da defesa, a transmissão gera atrasos no processo. Jader também sustenta que busca evitar a “espetacularização da dor das pessoas envolvidas”. Já o local reservado à imprensa, para a defesa de Spohr, pode perturbar a atenção do júri popular.

Nessa quarta-feira, o Tribunal de Justiça realizou uma reunião de preparação para viabilizar a sessão de julgamento “o mais breve possível”. Contudo, ainda não há uma data prevista. O júri chegou a ser marcado para 20 de novembro, mas questões técnicas levaram o Judiciário a recuar desse anúncio.

Em 2021, o julgamento dos quatro réus durou 10 dias, tornando-se o mais longo já realizado pelo Judiciário gaúcho. Por 4 votos a 1, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reiterou, na terça-feira passada, o entendimento da 1ª Câmara Criminal do TJ de que o processo teve nulidades.

O incêndio na boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, no Centro de Santa Maria, matou 242 pessoas e deixou mais de 600 feridas, tornando-se uma das maiores tragédias da história do País.

Confira trechos da petição: 

“Opor-se à transmissão, gravação ou filmagem da sessão pelo Poder Judiciário para exposição por rede social (youtube ou outra), notadamente diante da demora para a operacionalização das respectivas licitações e diante do enorme gasto já gerado na transmissão da sessão anulada, bem assim, para evitar a espetacularização da dor das pessoas envolvidas”

“Opor-se à reserva de lugares privilegiados para profissionais da imprensa dentro do recinto do julgamento e logo em frente ao conselho de sentença, com prejuízo para o trabalho das partes e compreensão dos fatos pelos Jurados; sem limitar o trabalho da imprensa, deve-se evitar situações que perturbem a atenção dos jurados que deve estar voltada (exclusivamente) para o trabalho das partes”

“Opor-se à permissão especial concedida a empresas produtoras de filmes, documentários, novelas etc., como aconteceu e foi algo do mesmo protesto, no julgamento passado”