Em agosto de 2023, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.389,72, ou 4,84 vezes o mínimo de R$ 1.320,00. A estimativa foi feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em julho, o valor necessário era de R$ 6.528,93 e correspondeu a 4,95 vezes o piso mínimo. Em agosto de 2022, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.298,91, ou 5,20 vezes o valor vigente na época, que era R$ 1.212,00.
O cálculo levou em conta a cesta básica mais cara, que, em agosto, foi a de Porto Alegre, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.
A cesta básica de Porto Alegre registrou queda de 2,13% em agosto e passou a custar R$ 760,59, o valor mais alto do Brasil. O preço do conjunto de alimentos supera São Paulo (R$ 748,47), Florianópolis (743,94) e Rio de Janeiro (R$ 722,78), por exemplo. De janeiro a agosto de 2023, a cesta registrou recuo de 0,66%. Sete itens apresentaram queda: o óleo de soja (-28,03%), o café (-10,69%), a banana (-10,51%), a farinha de trigo (-8,78%), a batata (-8,39%), a manteiga (-1,65%) e o tomate (-1,26%). Em sentido contrário cinco ficaram mais caros: o feijão (9,54%), o arroz (5,11%), o leite (4,97%), o açúcar (4,90%) e a carne (0,80%).
TEMPO DE TRABALHO
O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica passou de 111 horas e 08 minutos, em julho, para 109 horas e 01 minuto, em agosto. Já em agosto de 2022, a jornada média foi de 119 horas e 08 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em agosto de 2023, 53,57% do rendimento líquido para adquirir os produtos alimentícios básicos, e, em julho, 54,61%. Em agosto de 2022, o percentual ficou em 58,54%.