Enviado a Muçum, cidade onde nasceu, no Vale do Taquari, para representar a corporação no trabalho de auxílio aos atingidos pelas enchentes, o policial rodoviário federal João Henrique Vendramini, que trabalha na Superintendência da corporação, em Porto Alegre, relatou, em entrevista à Rádio Guaíba, um cenário apocalíptico na manhã desta quarta-feira.
“Infelizmente não tinha mais atividade de salvamento para a gente fazer, porque as pessoas já tinham sido salvas e os óbitos que porventura ocorreram infelizmente já tinham acontecido. Naquele momento eu fui até o hospital, e recebi a informação de que tinha 20 corpos lá, alguns já identificados. É muito triste ver a cidade dessa forma, a cidade em que eu cresci, passei minha infância, minha adolescência. Onde tinha uma casa, simplesmente não tem mais. Agora que a água baixou um pouco, a gente passa pela cidade e é um cenário apocalíptico, a gente vê um monte de barro, entulho, madeira. A ponte que liga o município de Muçum a Santa Teresa e Roca Sales foi destruída. Uma ponte de 100 anos, de concreto, forte”, reforça Vendramini.
Apesar da dor da perda de vidas e de bens materiais, o policial rodoviário relata que as pessoas se mantêm fortes na tentativa de reerguer a cidade.
“Acho que o ser humano tem essa potência interior de passar por uma situação difícil e de se reerguer e seguir adiante, que é o que a gente precisa. Claro que as pessoas estão prostradas, mas não desistiram, não. Você vai passando pelas ruas, você vê que o pessoal tá ajudando, vizinhos ajudando outros vizinhos. Nós somos uma comunidade muito unida. E você vê que o pessoal tá botando a mão na massa. E, apesar de tudo, lá no fundo a gente tem uma sensação de esperança, uma sensação que a comunidade vai conseguir se reerguer”.
Vendramini também ressaltou que Muçum continua sem luz e sem telefonia, o que a isola ainda mais, e que precisa do apoio do Exército e de outros órgãos para a limpeza das ruas e da cidade.