Mourão avisa que deixa o Republicanos se legenda “entrar de cabeça” no governo

Senador participou do Tá na Mesa, evento da Federasul

Senador concedeu entrevista coletiva no Tá na Mesa, da Federasul. Foto: Giovani Gafforelli/Rádio Guaíba

Nesta quarta-feira (6), o ex vice-presidente do Brasil e atual senador da República, general Hamílton Mourão, participou do Tá na Mesa, evento da Federasul. Durante a participação, ele afirmou à imprensa que conhece as negociações do Republicanos para entrar no governo, e deixou claro que se a legenda “entrar de cabeça”, vai se desfiliar, a fim de se manter na oposição ao presidente Lula. Mourão também falou sobre a reforma tributária, o caso das joias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns militares, e a tragédia climática ocorrida no Rio Grande do Sul, nesta semana.

Mourão explicou que apesar do diálogo do partido com o governo federal, isso não deve representar que o Republicanos se torne apoiador do presidente Lula. “O governo coloca isso como uma forma de parecer que está tendo muito apoio. Eu estou em um dispositivo de expectativa. Se for algo pessoal [diálogos entre partido e governo], eu permaneço no partido. Agora, se for realmente uma entrada de cabeça do partido no governo, ou na base do presidente Lula, eu não posso permanecer. Sou oposição e não vou mudar meu posicionamento”, explicou.

Tragédias climáticas no Rio Grande do Sul

Para Mourão, o Rio Grande do Sul vem sofrendo com diversos episódios climáticos a começar, pela forte estiagem no início de 2023, que acabou por prejudicar a safra. Ao ser questionado se o Exército pode contribuir mais no resgate da população atingida, o senador explicou que, no Rio Grande do Sul, apenas a Marinha brasileira conta com serviço de helicóptero.

Conforme Mourão, as forças aéreas do Exército se mantêm centradas em pontos estratégicos para garantir a segurança do país. Segundo ele, desde ontem, já havia militares do setor de Engenharia do Exército auxiliando na região de Muçum, assim como efetivo da Marinha, atuando de helicóptero.

O ex-vice presidente explicou que a presença do presidente Lula – que viaja à Índia, nesta quinta, para a reunião do G-20 -, sobrevoando as áreas atingidas, acaba se tornando apenas um gesto simbólico, visto que o mais importante – o recurso para reconstrução dos municípios mais afetados – está, em princípio, garantido.

Ex-presidente Jair Bolsonaro

O senador classificou como exagerada a avaliação do valor das joias que Jair Bolsonaro recebeu como presente. Também considera que os presentes em questão são de cunho pessoal. “Se vendeu ou não vendeu, isso precisa ser esclarecido, mas na minha visão são presentes que deveriam ficar em poder do presidente da República”, afirmou.

Questionado sobre o suposto envolvimento de militares no caso das joias, Mourão classificou como questão funcional e negou qualquer participação do Exército Brasileiro no caso. “O tenente-coronel Mauro Cid recebeu determinação do presidente ou seja lá de quem for? Houve a venda? Não houve a venda? Então, é o que está sendo investigado aí. Na minha visão, o Cid deveria ter se resguardado mais”, detalhou.

PEC dos Militares

Sob a PEC que impede militares da ativa de se candidatarem a cargos públicos, Mourão considerou “totalmente desproporcional”, já que, na visão dele, busca “colocar os militares como cidadãos de segundo escalão”. Segundo o senador, quando o militar se candidata e não se elege, acaba levando a política para dentro do quartel.

“A nossa legislação [militar] já diz, o cara é eleito e vai embora pra reserva e acabou. Na eleição de 2018, foram 17 militares da ativa que se candidataram e só o Zucco foi eleito, isso no Brasil inteiro. Em 2020, que foi uma eleição municipal, tivemos um número maior, 595. Na última eleição, foram 146… quando você leva em consideração que o número de militares é em torno de 140/150 mil… Então essa medida atende os interesses, hoje, de quem acredita que isso vai ser a forma de o poder militar ficar sujeito ao poder civil”, analisou.

Ainda conforme Mourão, os militares derrotados nos pleitos, ao voltarem para o quartel. são proibidos de fazer campanha pelo regulamento do Exército Brasileiro.

Reforma Tributária

Para o senador, a reforma tributária se tratou de uma “bola quadrada” enviada pela Câmara. Mourão afirmou que existem sete aspectos em debate no Senado. “Primeiro lugar, é a questão do equilíbrio da oneração entre os diferentes setores e os próprios entes federativos. Até agora, a Receita Federal não apresentou nenhuma modelagem sobre o assunto. Segundo ponto é o período de transição, que é muito grande. A gente não sabe se daqui a quatro anos não muda tudo sem ter começado. Sou contra imposto seletivo da forma como está colocada”, completou, sobre outro ponto em debate.