O Ministério Público do Rio Grande do Sul confirmou, nesta semana, que teve aceita pela Justiça uma denúncia que imputa três crimes ao advogado Jean Severo. Professor universitário, o criminalista atua em casos relevantes, como os do incêndio da boate Kiss e dos assassinatos dos meninos Bernardo e Rafael. Investigações da Polícia Civil o apontaram como braço direito de uma organização criminosa acusada de lavagem de dinheiro e receptação.
A Polícia Civil começou a trabalhar no caso em 2019 e reuniu imagens, documentos e gravações com indícios contra o advogado e mais 20 pessoas.
O MP aponta que Severo atuou em benefício do traficante Antonio Marco Braga Campos, conhecido como “Chapolin”, líder do tráfico de drogas no Vale do Rio Pardo e preso desde 2019 no Mato Grosso do Sul. A denúncia também relaciona o advogado ao crime de receptação, por usar um veículo comprado com o dinheiro do tráfico e supostamente repassado a ele. Três promotores assinaram a denúncia. O processo judicial, que transformou Severo em réu, tramita sob sigilo.
Em nota, a Polícia Civil detalha que diversas provas colhidas ao longo das investigações mostraram que o advogado exercia um papel importante no grupo criminoso. “Pode-se citar áudio enviado pelo líder da facção para seu braço direito, em que descrevia a hierarquia do grupo criminoso, identificando as funções dos seus membros e destacando ao advogado o papel de cuidar das finanças do grupo, manter a comunicação com o restante da facção, entre outras ações delituosas”, ressalta o comunicado.
O Correio do Povo entrou em contato com Jean Severo. O advogado afirmou que, por orientação da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Sul (OAB-RS), não vai se manifestar sobre o caso. No entanto, na tarde desta sexta-feira, ele postou um vídeo em redes sociais alegando ter sido alvo de uma denúncia montada. “Eu sei da minha conduta, sou um cara ético, defendo de graça até hoje e nunca tive ambição financeira. Dizer que estou sendo acusado de lavagem de dinheiro, isso é um absurdo… a verdade vai vir à tona”, assegura, em um trecho do vídeo.
O Ministério Público confirmou, em nota, que após a investigação concluída, a denúncia tramita junto à Vara Criminal especializada em crime organizado e lavagem de dinheiro.
*Com informações da repórter Vitória Fagundes/Correio do Povo