Em CPI da Educação, empresário nega vínculo político e irregularidades em licitações

Empresário não respondeu quando questionado se responde a processo civil ou criminal na Justiça

Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA

Representante de empresas que venderam materiais à Secretaria Municipal da Educação (Smed), o empresário Jailson Ferreira da Silva prestou depoimento, nesta quinta-feira, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Educação presidida pelo vereador Idenir Cecchim (MDB), que investiga supostas irregularidades em compras da Pasta. A vereadora Mari Pimentel (Novo), presidente da outra CPI da Câmara, integrou a mesa, a convite de Cecchim.

Questionado pelos vereadores, Jailson afirmou não ter ligação com partidos políticos, nem relação de parentesco ou amizade com agentes políticos da prefeitura, como prefeito, vice-prefeito e secretariado. Ele também assegurou que teve relação estritamente institucional com a ex-secretária Sonia da Rosa, com o ex-secretário adjunto financeiro da Smed, Mário de Lima, e com o prefeito Sebastião Melo.

Questionado pelos vereadores sobre uma reunião na Prefeitura de Porto Alegre, ocorrida em 9 de julho de 2021, ele respondeu que teve o objetivo de apresentar o portfólio da empresa. O empresário afirmou que a reunião serviu especificamente para mostrar produtos de robótica e de materiais ligados à tecnologia, e destacou que os produtos de robótica não foram adquiridos pelo município.

O vereador Tiago Albrecht (Novo) chamou a reunião de “lobby com o primeiro escalão” da prefeitura e estabeleceu uma relação entre a troca de Janaína Audino por Sônia da Rosa no cargo de secretária da Educação e a compra dos materiais pela Smed. O vereador questionou se algum agente público recebeu dinheiro em troca das compras dos materiais, o que o empresário negou.

Questionado pela vereadora Comandante Nádia (PP), Jailson admitiu que havia equívocos de português e matemática nos materiais, e afirmou que, por ser uma “empresa séria”, a fabricante recolheu os livros em todas as escolas e os substituiu. Sobre o procedimento de adesão a atas de registro de preços, adotado pela prefeitura, o empresário afirmou que “o Brasil inteiro” hoje recorre a essa prática e que, para adquirir os materiais, “Porto Alegre pegou carona em uma ata do estado de Sergipe” e de um consórcio de municípios de São Paulo.

Embora o empresário tenha relatado vínculo apenas institucional com o vereador cassado Alexandre Bobadra (PL), o Prof. Alex Fraga (PSol) mostrou registros de fotos de redes sociais em que Bobadra aparece ao lado de Jailson em um ambiente festivo. Questionado por Roberto Robaina (PSol) sobre se responde a algum processo civil ou criminal na Justiça, Jailson preferiu não responder. Robaina afirmou ter documentos mostrando que o empresário respondeu a processos sobre crimes contra a administração pública. Depois de indagado pela vereadora Mari Pimentel, o empresário disse que não reconhece as empresas Verde e ETC, que forneceram orçamentos à prefeitura em processo que também participou a World Soluções Educacionais, que pertence a Jailson.

Após o fim do depoimento, os vereadores discutiram e aprovaram dois requerimentos: a convocação do responsável pela agenda do prefeito Melo e de Michele Bartzen Acosta Schroder e Mabel Luiza Leal Vieira, ambas servidoras da Prefeitura de Canoas, que, à época, participaram do processo de compra da Smed. A próxima reunião da CPI ocorre em 14 de setembro, em razão do feriado do dia 7.