Após teste de DNA, Rússia confirma morte de Yevgeny Prigozhin, líder do grupo mercenário Wagner

Fundador de organização paramilitar, de 62 anos de idade, tornou-se desafeto de Vladimir Putin ao tentar golpe de estado em junho

O Comitê de Investigação criado pela Rússia para investigar o acidente aéreo da última quarta-feira (23), que matou dez pessoas nos arredores de Moscou, confirmou neste domingo (27) que Yevgeny Prigozhin, líder do grupo paramilitar Wagner, está entre as vítimas.

Dmitry Utkin, braço direito de Prigozhin e que ajudou a fundar a milícia, também estava no avião e morreu. A constatação ocorre depois da análise genética dos restos mortais dos ocupantes da aeronave.

Depois de exames de “análise genético-molecular”, o grupo de investigadores disse que as identidades das dez vítimas, cujos corpos foram encontrados, “correspondem à lista” de passageiros e tripulantes do avião. Entre eles, está Prigozhin, confirmou o Comitê em um comunicado.

“No âmbito da investigação da queda do avião na região de Tver, foram concluídos exames genético-moleculares. De acordo com os resultados, foram estabelecidas as identidades de todos os 10 mortos, que correspondem à lista constante da ficha de voo”, diz a nota.

O jatinho particular se chocou contra o chão perto da capital russa dois meses depois da tentativa frustrada de golpe ao governo Putin. Na ocasião, o presidente russo descreveu o motim como uma traiçoeira “facada nas costas”, embora tenha encontrado Prigozhin posteriormente no Kremlin.

Putin enviou condolências, na última quinta-feira (24), às famílias das vítimas do acidente aéreo.

Causas do acidente

Diversos governos ocidentais e opositores do presidente Vladimir Putin insinuaram que o Kremlin pode estar por trás da queda da aeronave. O governo russo, porém, negou veementemente as acusações, e Putin prometeu, na quinta-feira, uma investigação “a fundo” sobre o caso.

Os investigadores russos não mencionaram, até o momento, nenhuma hipótese sobre as causas do acidente.

Yevgeny Prigozhin e o motim

Fundador do grupo paramilitar Wagner, Prigozhin, que tinha 62 anos, liderou um motim contra os principais comandantes do Exército da Rússia entre os dias 23 e 24 de junho, o que o presidente Vladimir Putin classificou como uma tentativa de golpe, que poderia levar a uma guerra civil no país.

A rebelião terminou com negociações e com um aparente acordo com o Kremlin, que determinou que Prigozhin passaria a viver em Belarus, país que faz fronteira com a Rússia e cujo presidente é aliado de Putin. Mas o líder mercenário apareceu algumas vezes, com trânsito livre, na Rússia, apesar do acordo.

O motim encabeçado por Prigozhin foi a primeira insurreição na Rússia desde o início da guerra da Chechênia décadas atrás. Durante um rápido e organizado movimento, combatentes do grupo Wagner apareceram armados e passaram a controlar as ruas e avenidas de Rostov-on-Don, uma cidade com mais de 1 milhão de pessoas perto da fronteira com a Ucrânia.