A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) liderada por integrantes do governo – uma das duas que investiga, na Câmara de Porto Alegre, possíveis irregularidades em compras da Secretaria Municipal de Educação (Smed) -, visitou duas escolas da zona Norte, nesta quinta. O objetivo era verificar as condições de armazenamento dos materiais adquiridos pela Smed e a utilização dos itens pelos estudantes.
Na Escola Municipal de Educação Básica Liberato Salzano Vieira da Cunha, no bairro Sarandi, a diretora Izabel Abianna afirmou aos parlamentares que os materiais comprados pela Smed foram colocados em uso pela instituição. “Aqui, nunca teve nada encaixotado”, disse. Ela destacou que a entrega de chromebooks havia sido “um ganho espetacular” para a Liberato. “A gente não imagina mais a Educação sem tecnologia”, disse, ressaltando que o sinal de Internet na escola precisa ser qualificado.
Questionada pelos parlamentares, Izabel relatou não ter havido consulta prévia da Smed sobre os materiais pedagógicos comprados, e destacou, como ponto negativo, a falta de planejamento na entrega do material, que ocorreu de uma só vez. A diretora também afirmou que os livros didáticos “são utilizáveis e adequados”.
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Porto Novo, no bairro Rubem Berta, a diretora Carolina Derós contou à comissão que foram entregues chromebooks a todos os estudantes da instituição, e que eles contribuem para a aprendizagem. Ela criticou, no entanto, a falta de aviso prévio sobre a distribuição. Além disso, livros da coleção Aprender Mais, da editora Inca, que continham erros de tabuada e de português, precisaram se recolhidos e, posteriormente, substituídos, conforme a diretora.
Carolina afirmou que existe oferta de formação, por parte da Smed, para que os professores aprendam a utilizar o material comprado. Ela também disse que os jogos pedagógicos da Mindlab agradaram os professores, que tiveram formação presencial para aprender a utilizar os recursos em sala de aula.
A diretora destacou que a instituição não teve ingerência no processo de compra dos materiais, e sugeriu a criação de grupos de trabalho com representantes das escolas para que haja participação dos professores nessa escolha. Ao fim da visita, os vereadores conheceram a sala de inovação da Porto Novo, onde observaram os estudantes utilizando chromebooks e uma tela interativa.
O que dizem os vereadores
Na avaliação do presidente da CPI e líder do governo na Casa, Idenir Cecchim (MDB), as visitas foram “além da expectativa”. Em declarações ao Correio do Povo, o vereador disse que a utilização do conteúdo recebido pela Smed comprova que se tratou de um problema apenas logístico. “Aí aquela pergunta ‘onde foi o dinheiro?’ Está aqui [na escola]. Foi bem investido”, afirmou.
Na mesma linha, o vereador Tiago Albrech (Novo) credita como satisfatória a visita. O vereador disse ao CP ter sido importante visualizar que os materiais de informática vêm sendo utilizados pelas crianças, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social. No entanto, avaliou ter havido desorganização na forma de distribuir os itens. Para Albrech, o movimento, agora, deve se voltar à modalidade de aquisição.
Na outra ponta, vereadores da oposição se disseram preocupados com o direcionamento dos trabalhos da CPI. Para o vereador Alex Fraga (PSol) a visita em escolas já estruturadas reforça a tentativa de comandar a narrativa. “Em escolas pequenas, isso [distribuição inadequada] causou um problema gigantesco”, afirmou, também ao CP. Fraga também criticou a disponibilização tardia da Smed de treinamento para os professores usarem os itens. Além disso, disse temer que a CPI tente culpabilizar as direções das escolas pelo não uso dos materiais, assim como o corpo docente.
*Com informações do Correio do Povo