A balança comercial brasileira registrou superávit recorde no acumulado de janeiro a julho deste ano, resultado do bom desempenho das exportações de commodities agropecuárias e petróleo bruto. Entretanto, a expectativa de analistas é que o segundo semestre seja menos favorável, diante do agravamento da crise na Argentina e da desaceleração já esperada na China. É o que aponta o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgado nesta terça-feira, 21, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
“Os possíveis impactos negativos com as turbulências na Argentina poderão afetar as exportações já esse ano. No caso da China, já era esperada a desaceleração das exportações para o segundo semestre”, ressaltou o Icomex.
Nos sete primeiros meses do ano, o Brasil registrou superávit de US$ 53,6 bilhões, o maior para esse período do ano dentro da série histórica iniciada em 1998. O volume exportado pelo Brasil avançou 9,0% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o volume importado recuou 1,2%. Em termos de valor, as exportações aumentaram 0,1%, e as importações recuaram em 8,8%. Houve influência da queda de preços, que recuaram 7,7% de janeiro a julho nas exportações, e caíram 8,8% nas importações.
“Até o final do ano não se espera grandes variações nos preços, com uma possível tendência de alta no petróleo”, estimou a FGV.
No acumulado de janeiro a julho de 2023, a China lidera o ranking de participação nas exportações brasileiras, com uma fatia de 30,3%, seguida pelos Estados Unidos (10,5%) e Argentina (5,7%).
Sobre a Argentina, o documento destaca que “o aumento das exportações para o país, mesmo com a recessão da economia. Até julho, as exportações de automóveis e peças continuavam crescendo e responderam por 19% das exportações brasileiras para a Argentina. A seca no país introduziu um novo produto na pauta: a soja em grão, com participação de 16% no acumulado até julho. No ano de 2022, as exportações de soja foram de US$ 181 milhões e em 2023, até julho, de US$ 1,7 bilhões.”
O Icomex menciona que já estava prevista uma desaceleração das vendas do setor automotivo e a retomada gradual da regularização do plantio de soja, mas as “turbulências associadas ao período eleitoral, porém, levaram a uma piora do cenário econômico com medidas de proteção cambial”.
Quanto às remessas de produtos brasileiros para os Estados Unidos, a expectativa de redução da demanda provocada pelo aumento da taxa de juros resultaria num cenário também menos favorável para as exportações do Brasil.