Sem frio, comércio liquida coleção de inverno para recuperar vendas

Empresários destacam que a época é uma ótima oportunidade para desovar os estoques e melhorar o desempenho de vendas

Crédito: Divulgação/FCDL-RS

O inverno das maiores temperaturas já registradas, a alta inadimplências dos consumidores e a queda na renda forçaram os lojistas brasileiros de moda, incluindo os gaúchos, a antecipar as liquidações depois das datas comerciais como Dia dos Namorados e Dia dos Pais. As coleções de inverno costumam chegar às lojas ainda em março e ficam nas vitrines até agosto, dependendo da ocorrência dos dias mais frios. A ausência de frio determina a antecipação das liquidações, com desconto nos preços.

“Isso é uma tradição no setor em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Em especial daqueles produtos da especialmente roupas, calçados e aquecedores. Sem frio, é uma ótima oportunidade para desovar os estoques e melhorar o desempenho de venda das empresas. Para os consumidores, é uma oportunidade de comprar por preços mais baixos”, comenta o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Arcione Piva.

Este comportamento, segundo Piva, deve estimular a procura por peças de roupa e calçados de estações mais frias, o que não aconteceu nos últimos dois anos em função da pandemia. “Muita gente acabou não comprando e precisa repor os armários com a retomada dos eventos”, diz.

TROCA DE COLEÇÃO

Na Lojas Renner, as vendas tiveram queda de 6,8% e a receita encolheu 6% em relação a igual período de 2022. Agora é preciso liquidar as peças que encalharam e que determinaram a queda no lucro da corporação, fazendo com que o lucro por peça tivesse uma queda de 2,2 pontos percentuais.

A exceção do trimestre passado foi a C&A, que teve lucro líquido de R$ 4,2 milhões no segundo trimestre de 2023, alta de 100% comparado a um ano antes. A receita líquida somou R$ 1,6 bilhão, praticamente estável, com alta de 0,8% sobre o mesmo período de 2022.

Para o presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch, as liquidações nos segmentos de vestuário, também acontecem de forma antecipada pela necessidade da troca de coleção, já que não há expectativa de frio e sim de clima primaveril. “O que pode ocorrer daqui para frente é um chamamento mais forte para estas liquidações. O estoque a ser liquidado é o do inverno. Já no início do ano, se tinha a previsão de pouco frio, então, acredito que devam ser estoques mais “enxutos” para serem liquidados”, comenta o dirigente.