A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, cobrou nesta sexta-feira a retenção do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o mais rápido possível para que ele não deixe o Brasil em meio às denúncias de que supostamente orquestrou um esquema para questionar a lisura do processo eleitoral do país. O R7 tenta contato com a defesa do ex-presidente.
“Graças ao trabalho da Polícia Federal e dos depoimentos dados na CPMI dos atos golpistas, podemos dizer que o cerco se fechou contra o ex-presidente da República. Ali está claro que ele está apontado como autor, como mandante da tentativa de fraude das urnas eletrônicas, da tentativa de violar, de atentar contra a democracia brasileira”, disse Tebet durante a cerimônia de posse do novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann.
“A eles, o rigor da lei. Não se enganem, que busquem mais rápido possível apreender o passaporte, porque quem fugiu para não passar a faixa para um presidente que foi legitimamente eleito pelo povo com certeza vai querer abandonar o Brasil para poder salvar a própria pele”, continuou Tebet.
Depoimento em CPMI
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro na quinta-feira, o hacker Walter Delgatti disse que Bolsonaro pediu a ele para fraudar uma urna eletrônica com o objetivo de pôr em dúvida o processo eleitoral.
Delgatti afirmou que Bolsonaro queria que ele “autenticasse a lisura das eleições, das urnas”. O marqueteiro do ex-presidente, Duda Lima, então, conforme o hacker, o aconselhou a criar um “código-fonte falso” para mostrar a possibilidade de invadir uma urna e fraudar as eleições.
“A ideia era pegar uma urna emprestada da OAB, acredito. E pôr um aplicativo meu para mostrar à população que é possível apertar um voto e sair outro.”
O objetivo da simulação era para pôr dúvida na população, já que, segundo Delgatti, invadir o código-fonte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é impossível por fora, porque o sistema é offline (sem conexão com a Internet).
O ex-presidente negou qualquer relação com a invasão e depredação das sedes dos Poderes em diversas oportunidades.