Parcelamento sem juros no cartão deve ser mantido, defende Febraban

Entidade disse que não quer acabar com a modalidade, mas, sim, um reequilíbrio do custo e do risco

Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirmou nesta segunda-feira que o parcelamento de compras sem juros no cartão de crédito deve ser mantido. Em nota, a entidade disse que não defende a ideia de acabar com a modalidade, mas, sim, a necessidade de um reequilíbrio do custo e do risco de crédito.

A mudança nas compras parceladas sem juros no cartão de crédito havia sido citada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na última quinta-feira, como uma possível solução para as altas taxas cobradas no rotativo. A linha de crédito é considerada a mais cara do país, com juros médios de mais de 437% ao ano.

O governo e o Congresso vêm buscando iniciativas para tabelar os juros, o que significa em tese estabelecer um limite, como ocorre atualmente com o cheque especial.

Além do fim do rotativo, entraram em discussão mudanças no parcelamento sem juros das compras do varejo, seja por meio de tarifas mais altas aos comerciantes, seja com preços diferentes em vendas no cartão para pagamentos parcelados e à vista.

No entanto, as entidades do varejo temem que o governo decida por limitar o pagamento parcelado sem juros, e, com isso, causar impacto em grande parte das vendas, principalmente para a população de baixa renda.

A Febraban afirmou também que participa de grupos que discutem as causas dos juros praticados e alternativas para um redesenho do rotativo, de um lado, e, de outro, o aprimoramento do mecanismo de parcelamento, e que nenhum dos modelos em debate pressupõe uma ruptura do produto e de como ele se financia.

“Defendemos que o cartão de crédito deve ser mantido como relevante instrumento para o consumo, preservando a saúde financeira das famílias (…). Para tanto, é necessário debater a grande distorção que só no Brasil existe, em que 75% das carteiras dos emissores e 50% das compras são feitas com parcelado sem juros”, afirmou a nota assinada pelo presidente da entidade, Isaac Sidney.

De acordo com o texto, estudos da Febraban mostraram que o prazo de financiamento impacta no custo de capital e no risco de crédito, e a inadimplência das compras parceladas em longo prazo é maior do que a que ocorre na modalidade à vista, “cerca de duas vezes na média da carteira e três vezes para o público de baixa renda”.