Em um dia turbulento no mercado financeiro global, a bolsa de valores acumulou o décimo recuo consecutivo e registrou a maior sequência de baixas em 39 anos. Já o dólar aproximou-se dos R$ 5 e atingiu o maior valor em dois meses.
O índice Ibovespa, da B3, encerrou a segunda-feira aos 116.810 pontos, com recuo de 1,06%. O indicador havia caído dez vezes seguidas, pela última vez, em fevereiro de 1984, em meio à crise da dívida externa brasileira. A bolsa acumula queda de 4,21% em agosto, mas no ano registra alta de 6,45%.
No mercado de câmbio, o dia também se manteve tenso. O dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 4,966, com alta de R$ 0,062 (+1,25%), e atingiu o maior nível desde 1º de junho, quando tinha fechado a R$ 5. Em alta pela segunda vez consecutiva, a moeda norte-americana acumula alta de 4,99% em agosto, mas cai 5,95% em 2023.
Uma sequência de fatos negativos pressionou os países emergentes. A divulgação de que a Country Garden, uma das maiores incorporadoras chinesas, vai atrasar o pagamento de um título reacendeu as preocupações com a segunda maior economia do planeta, principal compradora global de commodities (bens primários vendidos no mercado internacional). Em 2021, o calote da incorporadora Evergrande gerou turbulências por semanas entre os investidores.
Nos Estados Unidos, os juros dos títulos de dez anos do Tesouro norte-americano, considerados os investimentos mais seguros do planeta, atingiram o maior nível desde novembro. Taxas altas atraem capitais para os Estados Unidos, pressionando o dólar para cima em todo o planeta. A divulgação, na última sexta-feira, de que a inflação ao produtor na maior economia global acelerou em julho elevou o pessimismo entre os investidores.
Além desses fatos, diversos países latino-americanos tiveram um dia de estresse no mercado financeiro, influenciado pelo resultado das votações primárias para as próximas eleições da Argentina. A liderança do candidato de extrema-direita, Javier Milei, provocou uma fuga de capitais do país vizinho, fazendo o Banco Central argentino desvalorizar o peso em 18% e elevar os juros básicos de 97% para 118% ao ano. A crise afetou diversos mercados do continente.