Confirmado como patrono da 69ª Feira do Livro de Porto Alegre, na manhã desta quinta-feira, o escritor, diretor e cineasta Tabajara Ruas recebeu a nomeação como um presente. A um dia de completar 81 anos, nesta sexta, ele se manifestou durante a coletiva de imprensa realizada pela Câmara Riograndense do Livro para divulgar o escolhido.
“Amanha eu completo 81 anos de vida. Receber essa homenagem me soa como um belo e formoso presente de aniversário, presente que eu não imaginava mais ser merecedor. Afinal, são tantos novos talentos, tantas produções literárias… Sempre fui um leitor voraz, desde a infância, e sou daquelas pessoas que acredita que a leitura pode mudar o mundo”, reforçou, em discurso acompanhado pelo prefeito Sebastião Melo.
Emocionado, Ruas saudou a indicação lembrando que saiu de Uruguaiana com apenas uma mala para tentar a vida. Ele também rendeu homenagem a patronos que o antecederam e agradeceu a familiares e aos demais presentes no anúncio. Para Ruas, a Feira é uma invenção dos trabalhadores do livro e o mundo pode ser transformado por meio da leitura.
“Recebi com enorme alegria o convite para ser patrono da Feira do Livro. Era um sonho. É o sonho de todo escritor gaúcho e eu não sou diferente. Faremos um bom trabalho nessa feira no sentido de promover o livro, atrair leitores, principalmente a juventude”, comentou.
Apesar da formação como arquiteto, Tabajara Ruas sempre teve relação mais estreita com a literatura e o cinema. Na trajetória, acumula 11 livros publicados no Brasil e traduzidos em 10 países, incluindo “A região submersa” (1978) — editado primeiro em Portugal —, “Netto perde sua alma” (1995) — vencedor do Troféu Açorianos de Literatura na categoria Narrativa Longa, em 1996 —, “O Fascínio” (1997) e “Detetive Sentimental” (2008). Ruas ainda publicou livros infanto-juvenis, como a trilogia “Diogo e Diana”, escrita em parceria com Nei Duclós, e as novelas “Gumercindo” e “Minuano” — essa última, Troféu Açorianos de Melhor Obra Juvenil em 2014.
Na sétima arte, Ruas também teve produção extensa. Trabalhando em cinema desde 1978, ele atua como diretor, roteirista e produtor. Adaptou, junto de Beto Souza, a obra “Netto perde sua alma”, em 2001, recebendo o Festival de Cinema de Gramado o Kikito de Melhor Filme. Ainda assinou o roteiro de outros projetos, como “Anahy de las Misiones” e “O Tempo e o Vento”.
Em 2007, lançou o documentário longa-metragem “Brizola – Tempos de Luta”, sobre o político Leonel Brizola. “Os Senhores da Guerra”, que dirigiu, roteirizou e produziu, recebeu o Prêmio Especial do Júri e de melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Cinema de Gramado de 2014. A obra está em cartaz no Canal Brasil e no Now desde fevereiro de 2019.
Conheça a trajetória do novo patrono
Nascido em Uruguaiana, em 1942, Marcelino Tabajara Gutierrez Ruas estudou arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e cinema na High School de Vejle, na Dinamarca. Pela atuação política durante a ditadura militar, viveu no exílio entre 1971 e 1981, morando no Uruguai, Chile, Argentina, Dinamarca, São Tomé e Príncipe e Portugal.
Condecorado com a ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, no grau de Comendador, o escritor e cineasta também recebeu a Medalha da Vitória do Ministério da Defesa, o Prêmio Erico Verissimo, a Medalha do Mérito Farroupilha, o Troféu Guri e o título de cidadão de Porto Alegre. Em 2020, ganhou o Troféu Escritor do Ano do Prêmio Academia Rio-Grandense de Letras.
A 69ª Feira do Livro de Porto Alegre ocorre de 27 de outubro a 15 de novembro, na Praça da Alfândega.