A universalização do saneamento básico no Rio Grande do Sul até 2033, norma contratual da Aegea Saneamento ao assumir a Corsan, deve gerar um ganho de R$ 40,7 bilhões para os 317 municípios atendidos pela concessionária. Desses, R$ 19,79 bilhões se referem a benefícios diretos e cerca de R$ 20,98 bilhões à redução de perdas associadas às externalidades, como internações, redução da produtividade no trabalho e aumento das despesas das famílias, por exemplo. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira.
Cada R$ 1 investido em saneamento reverte em R$ 4,80 em ganhos sociais para a população nas áreas de saúde, qualidade de vida e benefícios socioeconômicos diversos, revela o estudo do Instituto Trata Brasil, realizado em parceria com a Ex Ante Consultoria, a pedido da Aegea Saneamento.
O levantamento traça um raio-x da evolução recente do saneamento no Estado e projeta impactos econômicos futuros com a expansão dos serviços de água e esgoto para cerca de 6,5 milhões de gaúchos, conforme comenta Luana Pretto, presidente do Instituto Trata Brasil.
“A gente pode destacar a renda da valorização imobiliária, que no estado do Rio Grande Sul seria de R$ 1,75 bilhões; a redução de custo com saúde, de R$ 846 milhões, e o aumento da produtividade das pessoas. As crianças, por exemplo, acabam ficando menos doentes e automaticamente têm um melhor desenvolvimento escolar, uma melhor nota no Enem, uma melhor possibilidade de geração de renda e ascensão social futura”, reforça.
Os ganhos serão distribuídos em todas as dez regiões de atuação da Corsan, em especial para aquelas com vocação para o turismo. A pesquisa retrata 29 municípios com intensa atividades do setor turístico, como Gramado, que deve contabilizar ganhos de R$ 24,3 milhões; e Bento Gonçalves, referência em enoturismo, que deve capitalizar R$ 82,2 milhões. Cambará do Sul, conhecida pelos cânions do Parque Nacional da Serra Geral – na divisa com Santa Catarina –, deve se beneficiar com R$ 7,2 milhões, e São Miguel das Missões, centro da epopeia missioneira, que deve ser impactada por aproximadamente R$ 8,5 milhões.
Além do impacto financeiro, existe o ambiental, com a despoluição dos mananciais, rios, córregos e lagos da região, um dos principais legado da universalização do saneamento. Diariamente, o Rio Grande do Sul despeja, atualmente, cerca de 445 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento nos rios e mares.
“Com o crescimento da população, com o fato de estar se lançando cada vez mais um volume elevado de esgotos sem tratamento nos nossos rios, esses rios não têm a capacidade de autodepuração de toda essa carga orgânica, desse esgotos sem tratamento, o que acaba afetando a fauna, a flora e também a população que ali reside”, complementa Luana Pretto.